terça-feira, 18 de novembro de 2008

POEMA MOLHADO


Luis Turiba
A chuva, que dádiva,
sugadora de ansiedades.
Lexotan meteorológico da existência humana.
Quando cai, freia o ritmo frenético das pulsações
Pessoas repensem suas órbitas


Quem tá na chuva é pra melhorar
e molhar suas roupas novas
seus sonhos de valsa
seus calos de estimação
suas capas & suas galochas.


A chuva, além de encharcar,
desafia os guarda-chuvas
encolhe pressas e cabelos esticados
nos longos congestionamentos de volta ao lar.


A chuva é isso & também é quilo.
Ela é muito perigosa
pois anda fora dos trilhos,
a molhadinha,
fêmea que verte pingos
como se o céu fosse de rios

http://www.correiobraziliense.com.br/impresso/ 18/11/2008

Poeta e Jornalista. Nasceu em Pernambuco, em 1950, e vive em Brasília desde 1979, tendo recebido o título de Cidadão Brasiliense pelos serviços prestados à cultura da cidade. Sua estréia na poesia se deu pela publicação do livreto Kiprokó em 1977. Recebeu o Prêmio Candango de Literatura do Governo do Distrito Federal, em 1998, pelo livro-CD Cadê.
A obra Bala (Salvador: P555 Edições, 2005) reúne os textos mais recentes do poeta, da qual extraímos os seguintes poemas como mostra de uma obra sempre original, instigante, criativa.

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