sexta-feira, 13 de março de 2009

Professor do século 21

Danilo Gandin*

Imagine um grupo de jovens entrando na universidade. Querem ser professoras e professores do ensino básico. Como vamos prepará-los?
Teremos bastante tempo: são quatro anos com umas 800 aulas por ano. Não aceite menos, mas também não exija mais. A formação de um professor requer um amadurecimento durante toda a vida; ele vai crescer enquanto for professor. E, se forem aproveitadas, 3,2 mil aulas são suficientes para um excelente começo de preparação.
Antes de tudo, vamos debater com eles como deve ser uma pessoa “culta” no século 21. Pensaremos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias e, a partir disto, prepararemos um currículo para estes universitários e para um futuro grupo de alunos do ensino básico. Queremos que um professor do ensino básico seja um cidadão completo naquilo que é necessário nos dias de hoje. Obviamente este “completo” estará no esforço para sê-lo. De ninguém se exige a perfeição, mas o caminhar sempre em sua direção.
Insistiremos: não queremos um currículo de disciplinas; queremos um conjunto de temas, de ações, de regras, de atitudes que nossos futuros professores e nossos futuros alunos do ensino básico terão que debater e vivenciar para poderem participar na sociedade em todos os seus aspectos. Será necessário, por exemplo, conhecer a natureza, o próprio ser humano e a sociedade da qual farão parte e, além disto, definir procedimentos éticos e desenvolver habilidades necessárias para agora. Haverá nisto, também, um grau de liberdade porque nem todos terão os mesmos conhecimentos, as mesmas habilidades e os mesmos valores.
Nada, pois, de limitar o ensino à matemática, à geografia, à história, à química etc. O mundo se abriu, o conhecimento se expandiu. A pergunta mais importante é: quais os conhecimentos, as habilidades, os valores mais importantes no mundo de hoje para que uma pessoa seja um cidadão eficaz em nossa sociedade. Isto não pode ser tratado com a escolha de um conjunto de disciplinas; não será possível porque deveriam ser tantas, que inviabilizariam as escolas. De qualquer modo, disciplinas são para preparar especialistas e este não é o caso aqui. Em vez delas, teremos um professor único por turma de alunos (pelo menos no Ensino Fundamental), ajudando-os a se constituírem como cidadãos.
Depois, melhor, ao mesmo tempo, estudaremos o ser humano, como ele é, como ele evolui e, sobretudo, como ele aprende e como incorpora valores.
Para a formação do professor, haverá outro ponto fundamental: o domínio de processos, técnicas e instrumentos didáticos. A intervenção do professor para o crescimento dos alunos não é apenas necessária, é imprescindível.
*Professor, escritor e conferencista
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2436730.xml&template=3898.dwt&edition=11891&section=1012 - 13/03/2009

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