sexta-feira, 8 de maio de 2009

A geração midiática

Um estudo realizado nos Estados Unidos
se refere à incidência que o consumo de mídias
tem sobre jovens entre 8 e 18 anos*.

Em casa, na escola e no trabalho, as tecnologias da informação e comunicação, conhecidas como TICs, se combinam, fundem e se tornam onipresentes no nosso ambiente cotidiano. Os novos telefones celulares incluem plataformas de videogames, acesso a correio eletrônico, câmeras digitais e conexões com a internet. E tudo isso tende a naturalizar a forma como as novas gerações consomem estes recursos, cada vez mais em forma móvel e portátil. O consumo de eletrodomésticos na América Latina aumentou significativamente durante cinco anos consecutivos, e a expansão se produziu em cada subsetor deste mercado: doméstico, portátil e automotivo, cujos produtos chegaram a muitos lares pela primeira vez, ou se multiplicaram em outros.

A este consumo crescente se soma a agressiva inserção de empresas transnacionais de telecomunicações e seus novos serviços digitais a cabo e telefonia. E em alguns casos, como na televisão, se acrescenta a substituição de receptores analógicos por digitais.

Como consequência, os fenômenos detectados nos Estados Unidos em 2005, pelo estudo Generation M: Media in the Lives of 8-18 year olds (Geração M: a Mídia na vida das pessoas entre oito e 18 anos), da Fundação Kaiser Family, tendem a reproduzir-se hoje em nossas novas gerações.

De acordo com este estudo, a chamada “geração midiática” consome mídia quase 6,5 horas diárias, o que deixa claro que o potencial impacto deste consumo em quase todos os aspectos das vidas de meninos, meninas e jovens não pode ser ignorada. Aqueles que têm acesso mais fácil a televisores, computadores e consoles de videogames em suas casas dedicam a eles mais tempo, assim como em lares onde o televisor fica ligado grande parte do dia.

A pesquisa não confirmou a teoria de que o uso de computadores ou videogames desloque o tempo que passam na frente da televisão. O consumo simultâneo e a tendência juvenil à multitarefa (estudar, ver televisão, ouvir música e comunicar-se na internet com os amigos, tudo ao mesmo tempo, por exemplo) aumentam com a presença de mídias nos espaços cotidianos.
Apesar das preocupações que mães e pais expressam em relação ao impacto das mídias sobre suas filhas e filhos, não se encontra muita evidência de esforços significativos de sua parte para entender, reduzir ou controlar o uso da televisão, computadores, celulares ou videogames em casa. A proporção de meninas, meninos e adolescentes que dizem que seus pais não estabeleceram normas de consumo de meios e a pouca frequência com que estas pessoas adultas verificam o resultado de suas próprias advertências – quando as fazem – indicam que a grande maioria não sente que suas filhas e filhos passam muito tempo com as mídias, ou simplesmente renunciaram a fazê-lo. Posto que o estudo também indica que aqueles que passam a maior parte do tempo com as mídias também dedicam horas aos seus hobbys, a sair com suas mães e pais e a atividades físicas, é possível que ninguém se sinta muito preocupado com a quantidade de tempo que dedicam às mídias.

Evidentemente, o mundo midiatizado só tende a aumentar, mas isso mesmo justifica prestar muito mais atenção, entender como e porque se dá este consumo, e não se manter à margem de uma mudança que veio para ficar.
*A reportagem é de Carlos Eduardo Cortés S., gerente da Radio Nederland Training Centre, América Latina, e publicada no jornal argentino Página/12, 06-05-2009. A tradução é do Cepat. Postado no IHU/Unisinos 08/05/2009
http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=22044

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