terça-feira, 28 de julho de 2009

Três causas do medo na sociedade atual

Dan Gardner*
"Os sociólogos descrevem os países desenvolvidos como “sociedades de risco”, querendo dizer que as preocupações com saúde e segurança têm hoje uma predominância que não tinham na primeira metade do século XX, ou antes disso. Você pode dizer: “bem, e daí? Temos mesmo muito com o que nos preocupar”. E é verdade.
Mas também é verdade que somos de longe os humanos mais saudáveis e com mais segurança
em toda história da espécie. Nos últimos cem anos, a expectativa de vida subiu de maneira inédita. A mortalidade infantil diminuiu espetacularmente.
Então é um paradoxo que ao mesmo tempo sejamos assolados pelo medo como nunca antes. Por quê?
Há obviamente muitas causas, mas três são cruciais.
1)Uma é a mídia, e seu modo geralmente ruim de lidar com informações sobre risco.
2)A segunda é o que chamo de “marketing do medo”, a desinformação promovida por indivíduos e organizações que têm a ganhar com o medo excessivo.
3)A última é a mais importante: psicologia. Nossos cérebros evoluíram num ambiente de Idade da Pedra, totalmente diferente da Era da Informação em que vivemos.
Como resultado, nós rotineiramente avaliamos mal os riscos — nos preocupamos com coisas que não deveriam nos preocupar, e não nos preocupamos com coisas que deveriam nos preocupar."
*Jornalista canadense. Lançou no Canadá "Risco: a ciência e a política do medo" (publicado aqui pela Odisséia).
(Entrevista é de Miguel Conde do jornal O GLOBO, 25/07/2009, tb postado no IHU/Unisinos, 28/07/2009)

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