sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Marqueteiro de Barack Obama


"O potencial da internet ainda não está esgotado e
vamos observar grandes avanços
nos próximos ciclos eleitorais”
Ben Self, responsável pela campanha virtual do atual presidente americano.*


CORREIO BRAZILIENSE:Qual a principal diferença entre as campanhas políticas no Brasil e nos EUA?
BEN SELF: Há um grande interesse internacional em saber como foi o uso das novas mídias nas eleições presidenciais de 2008 nos Estados Unidos. A Blue State Digital trabalhou em sete ou oito países desde que foi criada. Temos a exata noção de que o que funciona em um país nem sempre pode ser aplicado em outro sem as devidas adaptações. Geralmente, trabalhamos com parceiros locais que nos ajudam a aplicar nossas estratégias em diversas situações políticas e econômicas. Entretanto, acreditamos que o princípio para o que fazemos — construir relações honestas, abertas e bidirecionais de comunicação — é a natureza humana e aplicamos em qualquer situação.
CB: Durante a campanha de Obama, a internet foi a ferramenta mais importante. No Brasil, menos de 45 milhões de pessoas têm acesso ao computador. Você acredita que ainda assim a internet poderá ser o principal canal de divulgação nas eleições de 2010?
BS: Ao mesmo tempo em que a internet foi incrivelmente importante em 2008 nas eleições dos Estados Unidos, ela era, no fim das contas, só um mecanismo de organizar voluntários, arrecadar dinheiro e disseminar mensagens. Não acho que elimine outros canais de comunicação — como a televisão.
CB: O encontro em São Paulo está discutindo outras mídias, como celulares. Qual dessas ferramentas você considera que deverá ser a mídia do futuro em campanhas políticas?
BS: O potencial da internet ainda não está esgotado e vamos observar grandes avanços nos próximos ciclos eleitorais.
CB: A campanha de Obama fez dinheiro usando a internet. Você acredita que isso poderá acontecer no Brasil?
BS: Com certeza, mas talvez não em 2010. Nos EUA, temos uma longa tradição de captação de recursos, que levou vários ciclos eleitorais para se consolidar. Acredito que o Brasil perceberá alguns ganhos em 2010, inclusive na arrecadação online. Mas é provável que leve anos para que se construa um sistema de captação online mais consistente no Brasil.
CB: No Brasil, a televisão é a principal ferramenta de divulgação dos candidatos. Nos EUA, a internet parece ter superado a TV. Você acredita que isso pode acontecer aqui?
BS: Não acho justo dizer que a internet se sobrepôs à televisão. A TV ainda é extremamente usada por lá. E reduzir as necessidades de outras mídias não é exatamente o foco. Nós recomendamos, inclusive, não diminuir nenhuma outra atividade, como a compra de anúncios na televisão. Ao contrário, sugerimos que a internet seja um outro método de espalhar a mensagem, recrutar voluntários e ativar aqueles que possam ajudar a ganhar as eleições.
CB: Jovens costumam não se interessar por política. A internet pode atrair esse grupo?
BS:Não considero que os jovens não gostem de política. Conheço vários, inclusive eu, que gostam. Só acho que eles preferem ser envolvidos. Não topam uma postura de convencimento passivo. CB: Pessoas de todo o mundo queriam participar e trabalhar na campanha de Obama. Como a internet ajudou nisso? Qual a importância desses voluntários?
BS: O fundamento de qualquer sucesso online está em construir relações autênticas e profundas com as pessoas, pedindo que elas façam coisas para o candidato ou organizações, que se sintam importantes, envolvidas, decisivas. Foi por meio desses relacionamentos que a campanha de Obama conseguiu o sucesso de organizar milhares de voluntários. E isso repercutiu em milhões de votos.
*Reportagem de Alana Rizzo e Denise Rothenburg, Correio Braziliense, 16/10/2009

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