quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A periferia de São Paulo pode explodir a qualquer momento

Ferréz
tem 33 anos, é escritor, comerciante e autêntico representante dos sentimentos e das lutas da imensa população que vive na periferia de São Paulo. Ficou conhecido porque expressa com realismo a dureza das relações entre povo e Estado, entre pobres e ricos, entre as precárias condições de vida nas favelas e a repressão policial.
Nesta entrevista exclusiva para Caros Amigos ele conta como o processo de criminalização da população pobre da periferia tem contribuído para acumular ódio e faz um alerta: “Vai chegar um dia que uma agressão a um menino ou a uma menina vai virar uma revolução em São Paulo inteira”. Fala também de sua vida e de seu amor pela literatura. Fiquem com Ferréz.
A reportagem completa está na Revista CAROS AMIGOS deste mês (outubro) e grande parte no site: www.carosamigos.com.br , só conferir. Aqui fico com poucas perguntas sobre a presença das religiões na perifieria.
André Hermann - A Igreja evangélica é também um tipo de droga na periferia?
Ferréz: A igreja evangélica é uma coisa maravilhosa, os pastores têm um trabalho comunitário que é uma piada, o cara está vendo o caos ali, mas o cara é uma criatura, mas ele está sofrendo pastor, acabou de levar um tiro, não deixa ele, que é criatura, ele está no mundo das drogas, não vamos nos intrometer com esse povo, com essa raça, porque nós somos de Deus. Eu vejo essa distância, eu vejo que a igreja evangélica podia fazer um trabalho muito maior e não faz, e quando faz, faz show.
André Hermann - E as igrejas católicas?
Ferréz: As igrejas católicas têm um trabalho comunitário mais forte, ela faz um mapa do cara que tá sem uma comida e manda. O padre organiza uma quermesse. Eu vejo muito o trabalho da igreja católica em lugares que não chega nada, eu não estou defendendo a igreja católica, por que ela deve pra nós a vida toda também, mas tem um trabalho ali que é mais conciso com a comunidade, como o padre está sempre dentro da comunidade, não está viajando de jatinho que nem os pastores, o padre está ali fazendo um trampinho ou outro. A diocese funciona, entendeu?
Tatiana Merlino - Vocé é ateu?
Ferréz: Eu não sou ateu porque eu naõ li a bíblia dos ateus. Eu estou procurando essa bíblia faz um tempo, entendeu? Mas eu não sou ateu, não sou agnóstico, não sou nada disso, eu sou ´só um ser-humano que escreve.
Tatiana Merlino - Você acredita em Deus?
Ferréz: Eu queria que ele acreditasse em mim, é verdade. Como eu ainda não sei se ele acredita em mim, eu ainda não posso dizer que acredito nele. Mas se ele acreditar em mim eu começo a acreditar nele, porque aí a gente vai se entender.
Reportagem por:Por André Hermann, Bárbara Mengardo, Felipe Larsen, Hamilton Octavio de Souza, Júlio Delmanto, Lúcia Rodrigues, Luka Amorim, Marcelo Salles, Marcos Zibordi, Otávio Nagoya, Renato Pompeu, Tatiana Merlino. Fotos Jesus Carlos - Caros Amigos, nº 151 - outubro de 2009, pp.12-16.

Um comentário:

  1. As pessoas precisam agir bem, e , nao falar para os outros agirem bem, basta nao prejudicar ao proximo

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