sábado, 28 de agosto de 2010

Reflexões sobre “o sentido da vida”

 HENRIQUE RATTNER*

Vivemos uma época de incertezas, instabilidade e contradições aparentemente insolúveis que levam os indivíduos a perder a confiança em si, nos outros e nas autoridades. Procura-se encontrar respostas às dúvidas existenciais, às interrogações cruciais pra cada indivíduo pensante: Quem somos? De onde viemos? E, aonde vamos?

Jean Paul Sartre ensinou que os homens nascem para serem livres. Mas, liberdade não significa optar arbitrariamente por um ou outro caminho. Ela implica também em responsabilidade, ou seja, somos responsáveis pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Agindo e pensando sobre nossas ações, transformamos a nossa realidade e a nos mesmos, encontrando sentido para nossas vidas.

Como tornar mais concreto esse sentido de vida? Sem uma orientação que guie nossas ações, a vida de incertezas torna-se um pesadelo absurdo, cheia de paradoxos e violência, sobre tudo para a juventude, angustiada e aparentemente incapaz de decifrar enigmas para os quais nem a ciência nem a religião são capazes de oferecer respostas satisfatórias. Erich Fromm, sociólogo e psicanalista nos fala do “ter” e do “ser” como orientações básicas na trajetória da vida. Uma resposta instigante nos é oferecida no diálogo entre pais e filho, num romance do escritor judeu norte americano Chaim Potok. Questionado pelo filho sobre o significado de suas atividades políticas, o velho responde com a seguinte metáfora:…”Se eu medir a duração de minha vida com a idade geológica da terra, ela não é mais do que um piscar de olho. Entretanto, também este piscar de olho deve ter um sentido, à luz da eternidade.”…

A vida nos ensina que elaboramos e desenvolvemos nossos valores e, com base nestes, as diferentes orientações na vida, em convívio e cooperação com os outros, no trabalho e nas ações coletivas, de fundo social, político e cultural. Não há satisfação e realização maiores para o indivíduo do que quando ele se sente aceito, valorizado e parte de um todo maior. Professando e agindo de acordo com valores éticos e humanistas comuns, incorporamo-nos à cadeia ininterrupta daqueles que ousaram sonhar e lutar pela visão messiânica do profeta Isaias, quando reinará a paz e a justiça entre os homens.
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*FEA/USP

Fonte:Revista Espaço Acadêmico em colunista da REA - 28/08/2010

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