sábado, 23 de outubro de 2010

A fé faz bem ou mal ao mundo?

A provocação da revista The Economist

Imagem da Internet

A revista inglesa The Economist dividiu os seus leitores com a pergunta do nosso tempo: a religião é uma "força para o bem"? Só 25% manifestaram confiança na fé. Para 75%, a religião não contribui para o bem da humanidade.
A reportagem é de Marco Ventura, publicada no jornal Corriere della Sera, 18-10-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na Economist, estão bem conscientes de que, na religião, bem e mal estão indissoluvelmente entrelaçados. Mas querem levar os leitores a uma posição extrema. "Você acha que a fé é perigosa, inspirando um dogmatismo feroz do qual derivam conflitos, intolerância e barbárie? Ou a fé é positiva, estimulando as pessoas a viverem uma existência moral, virtuosa e rica?".
Ambas as coisas são verdadeiras, mas o que você pensa, no fim das contas? De que lado você está? Acredita mais no bem de fiéis crentes como Madre Teresa e Desmond Tutu, ou no mal de fiéis crentes como Bin Laden, Milosevic e Pinochet?
Mark Oppenheimer, editorialista do New York Times, se assumiu como padrinho dos pró-religião em nomes de três ideias. Primeiro: a religião educa para a ritualidade; segundo, a religião organiza a busca de um sentido, de uma ética, de um bem comum; terceiro, "religion is fun", a religião é divertida.
O escritor Sam Harris representou os antirreligião em nome do absurdo da fé. Quem crê no que é falso não pode fazer o bem daquilo que é verdadeiro: "A religião dá às pessoas más razões para fazer o bem, enquanto razões melhores estariam ao alcance da mão". Ele venceu, 75 a 25.
A sociedade secularizada cultiva bens híbridos, identidades confusas. Somos um pouco tudo junto. Incrédulos e crentes. Amigos e inimigos da fé. Por isso, somos tentados a encontrar clareza em uma escolha de campos, crentes aqui e não crentes lá, que apague a confusão e divida o mundo em branco e preto. É essa a provocação da Economist.
Acreditamos de verdade que basta pertencer ao campo dos crentes ou dos não crentes para sermos melhores? Acreditamos de verdade que a fé ou a não fé nos destinam a priori ao bem ou ao mal? Na realidade, não sabemos e não podemos saber disso. Sabemos apenas que nenhuma ortodoxia, nenhum credo religioso ou não religioso, justifica uma vida mau gasta.
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Fonte: IHU online, 19/10/2010

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