terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Preocupação Com os Idosos na Ásia

Paulo Yokota*
Muitos entendiam que os ensinamentos de Confúcio seriam fortes suficientes para que os países asiáticos tivessem menores problemas de abandono dos idosos que ele recomendou que fossem respeitados. No entanto, o que está se verificando é que sem o Estado preparado para assisti-los convenientemente, os conceitos das famílias estão sofrendo alterações com a urbanização não sendo suficientes para manterem os contatos dos descendentes com seus idosos. Muitos estão se sentindo abandonados, aumentando o índice de suicídios entre eles.
No The New York Times, a jornalista Sharon LaFraniere publica um artigo informando que um ministro chinês está propondo que os trabalhados dos centros urbanos sejam obrigados a visitar seus genitores no meio rural por ocasião do Ano Novo Lunar. Este é um problema que vem sendo detectado no Japão, onde os longos feriados seguidos estão sendo utilizados pelos jovens para excursões no exterior em vez de visitas aos seus familiares que permaneceram em suas terras natais.
"..decisões judiciais têm obrigados
os filhos a remeterem, regularmente,
recursos para os seus genitores
que permaneceram no meio rural,
mas ainda são em
número insignificante."

O fato concreto é que nas sociedades asiáticas o número relativo de idosos vem aumentando assustadoramente, e os jovens não se sentem obrigados a assisti-los como era no passado. Muitos estão sendo obrigados a trabalhar e viver nos centros urbanos, distantes das áreas de onde provieram suas famílias. O fluxo de deslocamento de populações nestes períodos de mudança do ano, bem como no chamado Golden Week no Japão, quando há uma longa sequência de feriados, aumenta assustadoramente, mas muitos são destinados para turismo em países próximos.
Os acadêmicos chineses são de opinião que medidas legais não são suficientes para reverter este processo, e algumas decisões judiciais têm obrigados os filhos a remeterem, regularmente, recursos para os seus genitores que permaneceram no meio rural, mas ainda são em número insignificante.
Na realidade, o avanço da legislação previdenciária não é suficiente para assistir às necessidades das populações idosas, e os laços familiares tendem a se tornar mais tênues. Está se tornando um problema grave nestas sociedades onde as expectativas de vida vêm se elevando substancialmente, enquanto o número de jovens em idade de trabalho está se reduzindo relativamente.
Os asiáticos, em média, procuravam manter uma poupança para seus dias de velhice, explicando a elevada taxa destes ativos que eram mantidos. No entanto, os rendimentos que eles proporcionam estão cada vez mais baixos, não sendo suficientes para suas anteriores previsões.
Muitas medidas oficiais estão sendo adotadas para aumentar a natalidade nestas sociedades, mas estas mudanças são mínimas, não sendo suficientes para alterar o quadro geral que é preocupante. Em alguns países, a idade para a aposentadoria está sendo elevada, mas nem todos os idosos continuam com seus empregos, precisando abrir espaço para o trabalho dos jovens.
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*Economista, ex-professor na FEA-USP, ex-membro do Advisory Committee on Technical Service (Genebra,Suíça), quando teve a oportunidade de ajudar o Hospital do Pénfigo, Campo Grande – MT, que cuida do “fogo selvagem” (1962); ocupou diversos cargos públicos como o de Diretor do Banco Central do Brasil (1971), Presidente do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (1979), Comissário do Governo Brasileiro para Ciência e Tecnologia na Expo-Tsukuba, no Japão (1985). No setor privado, foi diretor de uma Trading brasileira para a Ásia, e é consultor de empresas associado ao Professor Antonio Delfim Netto. É o atual Presidente (voluntário) da Diretoria Executiva da Sociedade Brasileira e Japonesa de Beneficência Santa Cruz – Hospital Santa Cruz, e dirigente de diversos organismos comunitários.
Fonte: http://www.asiacomentada.com.br/2011/01/30

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