terça-feira, 19 de julho de 2011

A dinâmica geração Y

Marcos Coimbra*
Se você tem seus vinte e poucos anos, odeia ficar muito tempo no mesmo lugar, atualiza todos os dias seu Twitter ou Facebook e, antes dos 30, deseja extrapolar os cargos de gerência, bem-vindo à Geração Y.
Tema amplamente debatido no mundo corporativo, a tal geração divide fervorosas opiniões. De um lado, os que criticam a formatação do pensamento jovem, através de dogmas corporativos que se traduzem em arrogância, egoísmo e displicência. Na outra ponta, encontram-se os que se impressionam pela capacidade de criatividade, dinamismo e polivalência. Um duelo de gerações que todos os dias ganha novas histórias e protagonistas.
A Tecnologia da Informação, principal fomentador dessa geração, também é um mercado onde pode se encontrar alguns exemplos de "jovens Y". O canal revendedor, por exemplo, já tem de maneira intrínseca o DNA empreendedor - característica marcante da juventude "milionária antes dos 30" - e apresenta desafios diários de crescimento e marketing. É a velha história de "você ser o seu próprio chefe", sonho de consumo de 11 em cada 10 garotos que desejam ser Mark Zuckerberg ou Biz Stone.
A turma do Y é antenada 24h. A explosão dos smartphones - hoje, já são mais vendidos que computadores - ajudou a consolidar uma produção e consumo de informações rápidas e superficiais, o que garante uma comunicação diferenciada não só para uso pessoal como para as empresas. O Twitter ou o Facebook são criadores de oportunidades e, como essa geração já é "heavy users" em casa, são eles que vão comandar essas novas ferramentas.
Os distribuidores ainda não entraram de cabeça nessa geração. Até porque é uma parte do mercado que carrega muitas especificidades. Enquanto fabricantes e lojistas falam para um público amplo e heterogêneo, o distribuidor tem um campo restrito. Se contarmos, segundo nossa última pesquisa, que temos 29 mil revendas no Brasil e que dessas quase 30, você trabalhe com 10 mil, por exemplo, sua comunicação deve ser muito focada, sendo o Twitter e o Facebook, ferramentas de massa que buscam um público pulverizado e irrestrito, ao contrário do B2B.

"Eles construíram um novo way of life online,
enquanto no seu trabalho você pega
o telefone para resolver algum problema,
ele tenta um email
 ou MSN antes."

Apesar disso, observamos hoje que quase todos os grandes distribuidores, mesmo que sem atualizações constantes, têm uma conta no site do passarinho azul.
Mas a geração Y deve entrar na distribuição aos poucos, levando um pensamento diferenciado, principalmente na comunicação e no marketing com o cliente. Além disso, a postura desse profissional, internamente pode fazer bem para todo o time de colaboradores, ao passo que esses jovens buscam incessantemente crescimento, e crescimento rápido de preferência. Essa dinâmica, muitas vezes, é confundida com a tal "arrogância da nova geração" e deve ser gerida por gestores experientes que saibam lidar com a ansiedade dos 20 e poucos anos.
Filhos de uma geração catalisadora de transformações sociais, os novos "mobilizadores" expõem suas ansiedades na rede o que nem sempre se traduz em mudanças efetivas no "mundo real". Eles construíram um novo way of life online, enquanto no seu trabalho você pega o telefone para resolver algum problema, ele tenta um email ou MSN antes. Ou então, não fique preocupado se ele deixar o smartphone 24 horas online e o seu iPod ligado durante o expediente, as suas necessidades são reflexo do meio social que os cerca, assim como na década de 60 era "obrigatório" ler Marx, hoje, é "obrigatório" ser online, full-time e on-time, como diz o slogan de um jornal carioca.
Se antes, as empresas preocupavam-se em buscar bons profissionais no mercado, hoje, a atenção está voltada para a identificação de talentos e desenvolvimento de pessoas na própria equipe. Essa cultura deve se consolidar ainda mais com a chegada da geração Z, sucessora da Y com nascidos a partir de 1990, ao mercado de trabalho. É fundamental que o distribuidor esteja preparado para uma nova formatação de funcionários que está chegando (aliás, já chegou) ao mercado. Conjugar a experiência de profissionais com anos de mercado com a "agressividade" Y é tão complicado quanto importante.
O choque de gerações é inevitável, saber conduzir isso de forma a produzir resultados efetivos e integrados entre toda a equipe é um diferencial que já faz parte do cotidiano corporativo. Com a velocidade latente do mercado, quem não fizer parte dessa transição, já ficou pra trás.
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*Graduado em Engenharia de Produção pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, como Consultor na Diretoria de Operações da Comlurb – Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro, na EDI 2000 – Empresa de Tecnologia e Serviços Ltda, como Diretor Presidente e atualmente ocupa o cargo de Diretor Presidente da All Nations Comércio Exterior Ltda. O profissional é Vice-Presidente da ABRADISTI.

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