quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Brasil e o ‘modelo Carnaval’ de gestão

Carnaval será estudado por escolas estrangeiras de administração

País é o novo destino das escolas de administração ao redor do mundo

O Brasil se tornará uma nova fonte de inspiração para as escolas de administração do Ocidente? Nos últimos 15 anos, elas podem ter olhado para o Oriente, com novas escolas do ramo surgindo em países de rápido crescimento como a China e Cingapura, que levou a um enorme fluxo de intercâmbios de alunos e professores entre os campus dos dois lados do planeta.
Mas um número cada vez maior de escolas de administração agora volta seus olhos para o sul, onde o Brasil é o maior destaque. A Darden School of Business da Universidade de Virgínia, recentemente introduziu um período no Brasil como parte do currículo de seu MBA Executivo Global. Estudantes irão até São Paulo e Rio de Janeiro, onde assistirão aulas por duas semanas, visitando empresas locais e aprendendo sobre o ambiente do mundo dos negócios da região. E a Beadie School of Business, da Simon Fraser University, no Canadá, juntou forças com a Escola de Negócios da Fundação Instituto de Administração, em São Paulo, com a mexicana ITAM, e com a Vanderbilt University, de Nashville, para desenvolver um “Programa de MBA Executivo para as Américas”.
A enorme atividade no ramo não é exatamente uma surpresa. No fim do ano passado, o Brasil superou o Reino Unido, tornando-se a sexta maior economia do mundo, de acordo com o Centre for Economics and Business Research. Ainda assim, apesar do recente sucesso do país e sua riqueza em recursos naturais, a história da economia brasileira na segunda metade do século XX deixa a desejar. Uma velha piada diz que o Brasil é o país do futuro, e sempre será. Além da instabilidade política, analistas citam décadas de erros no controle corporativo e uma escassez de estratégias para manutenção do crescimento.

O “Samba Management”, uma combinação 
do divertido e do formal, pode 
ser um modelo para o futuro.
 
Brasil: futuro promissor?
Mas o país é o destino de muitas multinacionais procurando um espaço na América Latina. O Brasil conta com um sofisticado setor de tecnologia, e petróleo, plantações e refinarias suficientes para garantir sua auto-suficiência. Além disso, o Brasil foi escolhido para sediar os dois maiores eventos esportivos do planeta nos próximos quatro anos: a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Some a isso uma classe média crescente, e a economia deve ter um futuro promissor.
Conseguirão as escolas de administração estrangeiras influenciar os executivos do país, dada a tendência histórica do Brasil de ser um país autocentrado e resistente a ideias externas? Para que o país siga crescendo, os gestores precisam mudar suas mentes, diz Peter Rodriguez, decano sênior da Darden School of Business. E, segundo ele, isto já está acontecendo, com a economia do país se afastando de empresas familiares, rumo a companhias comandadas de maneira mais profissional. A linhagem sanguínea, as conexões sociais e a sorte desempenham papéis cada vez menores na ascensão profissional.
Empresas locais também estão ansiosas para usar a educação administrativa para aprender com os recentes fracassos dos países ricos, diz Cesar Beltran, diretor da Escola de Administração do IESE. “Nessa era de crescimento rápido, eles não querem ignorar o cenário a longo prazo em troca de ganhos em curto prazo”. Beltran também acredita que cada vez mais empresas brasileiras querem que seus gestores pensem de maneira global.
Marina Heck, do programa OneMBA da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), encara esse processo como parte de uma tendência maior na qual um número crescente de empresas investe mais em seus talentos de gestão. No Brasil também há uma guerra por talento. Como consequência, 90% dos alunos inscritos no OneMBA são financiados por suas empresas. E enquanto nos países ricos, o número de pessoas buscando um MBA caiu nos últimos dois anos, no mesmo período, as inscrições para o programa da FGV dobraram.
Para estudantes que vêm de fora do país, o Brasil oferece lições que se diferenciam daquelas que possam ser aprendidas em outros países dos BRICs, como a Índia e a China. Os estudantes da Darden, por exemplo, recebem a oportunidade de estudar o Carnaval carioca e entender como um grande evento internacional pode surgir das favelas empobrecidas.
Embora a maior reunião popular do planeta possa parecer com uma festa espontânea, ela também é resultado de meses de treinamento intenso, coreografias meticulosas, e gestão pessoal em escala massiva. O “Samba Management”, uma combinação do divertido e do formal, pode ser um modelo para o futuro.
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 Fontes: The Economist - Samba management
 http://opiniaoenoticia.com.br/ 22/02/2012

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