segunda-feira, 23 de julho de 2012

Surpresas de Deus

P. Dennis Clark (EUA)*
Meditação
 
Visita de Maria, mãe de Jesus,
a Isabel, mãe de João Baptista
Luca della Robbia
Havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel. Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada. ... Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.  Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João. (Lucas 1, 5-13)
É difícil imaginar a surpresa que os pais de João Baptista sentiram quando descobriram que Isabel estava grávida. Eles eram velhos, muito velhos! E sem filhos! E de repente, um bebé, e as suas vidas transformaram-se de uma maneira que já não imaginavam.
Deus ainda tem muitas surpresas, até para os mais velhos de entre nós – dons e bênçãos que nem sequer sonharíamos. Muitas estão já a caminho. Mas será que as iremos receber? Será que chegaremos a reparar quando elas chegarem aos nossos umbrais? Talvez sim, talvez não. Tudo depende do que tivermos decidido valorizar, do que tivermos decidido que merece a nossa atenção – e o que não merece.
Um exemplo: se “sucesso” e “ganhar” são as nossas prioridades, olharemos para as pessoas de uma maneira muito específica e limitada. Vê-las-emos como potenciais ferramentas que nos serão úteis e também como possíveis adversários, e pouco mais. Esta maneira de ver as pessoas rejeita o que elas têm de melhor e desaproveita a oportunidade de uma nova amizade. Deus envia-nos presentes admiráveis mas, demasiadas vezes, não os recebemos.
Imagem 
William Blake, O Anjo Gabriel aparecendo a Zacarias

Outro exemplo: se “paz e sossego” é a nossa prioridade fundamental, o único lugar verdadeiramente propício para nós é a sepultura. Mas isso não detém alguns de nós de se tentarem isolar do mundo. E a paga serão vidas vazias e amarguradas. Andaremos furiosos com os nossos vizinhos, furiosos com a pessoa que quer um auxílio, furiosos com os nossos filhos, furiosos com a menina que arrancou uma flor do nosso jardim e que nos incomoda ao tocar à campainha para no-la entregar. A prioridade que damos à paz e sossego recusará os mais belos dons da vida, deixando-nos cada vez mais limitados, deprimidos e maldosos.
Se, por outro lado, escutarmos Jesus e fizermos da família de Deus a nossa principal prioridade, a corrente de dons preciosos nunca parará: o rosto transformado de uma criança que sabe que somos de confiança, o andar confiante de um miúdo outrora com dificuldades que ajudámos a doutorar-se, o olhar afectuoso de alguém que sabe que estamos a dar o nosso melhor, o abraço de um amigo que salvámos de um revés. Tantos presentes inesperados que vão encher os nossos dias quando aprendermos de Jesus como ver, como amar e como nos darmos como presente.
Imagem 
Tintoretto, O nascimento de S. João Baptista

Deus nunca esgota as surpresas. Para quem sabe ver e amar, todos os dias são cheios delas, até à hora derradeira. Então a melhor surpresa de Deus cairá nas nossas mãos porque soubemos como ver e o que amar.
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* P. Dennis Clark (EUA)
In Catholic Exchange
Trad.: rm
© SNPC (trad.) | 24.06.10

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