sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Morte, chá e duas colheres de açúcar

Sucesso em diversos países ao redor do mundo, “Café da Morte” chega a São Paulo
 
Jayd Kent tinha medo da morte. Pensava sobre o assunto três ou quatro vezes ao dia. Também temia que descobrissem sua fobia e a trancassem em um hospital psiquiátrico. Decidiu permanecer calada – até que, certo dia, descobriu um grupo que se reunia em cafés de Londres para discutir o assunto. Arriscou-se a contar sua história e recebeu, em troca, apoio e relatos semelhantes. E não se sentiu mais anormal.

 "... existem três modos de encarar a vida: 
como um recém-nascido, 
um moribundo ou 
uma pessoa de meia-idade."

A história acima é uma das favoritas de Jon Underwood, 40, ex-funcionário da prefeitura de Londres que, inspirado pela iniciativa do sociólogo suíço Bernard Crettaz, organizador de “Cafés da Morte” desde 2004, levou o evento à cidade inglesa. “A ideia é ajudar as pessoas a tomar consciência da finitude de suas vidas e, a partir disto, passar a aproveitá-las mais intensamente”, diz Underwood.

Em um ambiente informal e servidas de bolos e chá – “o açúcar ajuda a deixá-las mais confortáveis e relaxadas”, diz –, pessoas de variadas idades se encontram para debater o assunto. Além da Suíça e Londres, o modelo já acontece na França, Bélgica, Estados Unidos e Austrália.

Agora, o evento chega ao Brasil: o Espaço Revista CULT, em São Paulo, sedia o primeiro encontro, coordenado pelo filósofo Juliano Pessanha. “Acho interessante a discussão. Falar da morte é um tabu, as pessoas preferem esquecer que ela existe”, diz.

Para ele, existem três modos de encarar a vida: como um recém-nascido, um moribundo ou uma pessoa de meia-idade. “Enquanto os dois primeiros se equivalem por possuírem o encantamento, o outro não tem consciência de sua condição passageira na Terra e, portanto, tende a não dar valor às pequenas experiências cotidianas”.
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Reportagem por  Helder Ferreira
Fonte:  http://revistacult.uol.com.br/home/2012/11/morte-cha-e-duas-colheres-de-acucar/

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