quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Juventude sem futuro

 Pedro Cardoso da Costa*
 
Não existe um pai ou mãe normal, para os padrões sociais, que não se preocupe com seus filhos em relação ao uso de droga, especialmente na fase da adolescência. Igualmente, não há pessoa que não se preocupe com a comercialização com os drogados e as consequências gravíssimas.

Quando o descendente chega à adolescência, a preocupação ganha contorno de desespero porque a maioria dos pais já está sem controle algum sobre os filhos. Esse descontrole começa na tenra infância, quando as criancinhas fazem birra à medida que os pais fazem concessões. Quando, por exemplo, o bebê joga a chupeta fora, além da gracinha que acham, logo lhe é devolvida para agradar, sem questionamento de que a criança pode mesmo nem estar querendo; deveriam devolver a chupeta somente após a criança demonstrar desejo e, mesmo assim, só algum tempo depois. Quando maiores, as crianças aprendem que os pais lhes dão objetos na medida dos seus desejos e não da sua condição real.

Ao constatar a existência do domínio material sobre seus responsáveis, a dominação psicológica já existe há muito mais tempo. Às vezes, as concessões surgem até da disputas entre os pais. Um cede mais que o outro numa briga de quem seria mais simpático e aceito pelos filhos.

Ninguém tem a receita pronta para formar um cidadão de bem, mas existem algumas atitudes e comportamentos que apontam para uma formação incorreta. Deixar os filhos sair sem dizerem para onde, e com quem estão acompanhados. Não estabelecer horário para voltarem, não exigir cumprimento estrito do horário estabelecido, achar graça sobre atitudes deselegantes ou desrespeitosas nas relações interpessoais, seja com mais jovens ou com idosos.

Deixar muito claro o que é razoável eticamente para uma negociação, o que pode ser aceitável, e do que não tem hipótese de negociação. Estudar, ir às aulas regularmente e fazer os exercícios todos os dias — só devem ser dispensados por orientação médica ou por motivos extremamente relevantes. Jamais brincar antes de fazer os deveres escolares!

Criar filho sem essas regras pode até não torná-lo um homem sem caráter, mas vai depender exclusivamente da sorte. Seria como deixar um copo de cristal cair no chão. Pode até não se quebrar, mas é por pura sorte, mas isso só muito raramente ocorre.

Os pais não estão repassando valores que deem sentido de vida aos jovens, e estes estão sem nenhuma perspectiva de futuro. Para a sociedade, esse vácuo torna-se mais grave do que eventuais desvios individuais. Eles deveriam auxiliar os filhos a terem projeto de vida. Estimulá-los a desejarem apenas bens materiais seria apenas ter uma tática, não valores.
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* Pedro Cardoso da Costa é bacharel em direito.
Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2013/01/17/juventude-sem-futuro/
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