terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, fez nesta segunda-feira (21) um apelo pela união dos Estados Unidos, em seu discurso de posse para o segundo mandato.

Obama sorri durante discurso de posse (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)

 Obama sorri durante discurso de posse (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)

Leia o discurso de Obama na íntegra

Presidente dos EUA assumiu segundo mandato nesta segunda (21).
Reeleito citou gays, ambiente e saudou fim de década de guerra e crise.

Do G1, em São Paulo
 
Em discurso nas escadarias do Capitólio, o democrata reiterou o compromisso norte-americano com a liberdade e protegeu, em seu segundo governo, proteger os mais vulneráveis.


Leia abaixo a íntegra do discurso em português 


"Vice-presidente (Joseph Robinette “Joe”) Biden, presidente do Supremo Tribunal, membros do Congresso dos Estados Unidos, distintos convidados e meus concidadãos:

Toda vez que nos reunimos para a posse de um presidente, damos o testemunho da força duradoura de nossa Constituição. Nós confirmarmos a promessa de nossa democracia. Nós recordamos que o que mantém esta nação unida não é a cor de nossa pele nem os dogmas de nossa fé nem as origens de nossos nomes. O que nos torna excepcionais – o que nos faz norte-americanos – é a nossa fidelidade a uma ideia, articulada em uma declaração proferida há mais de dois séculos:

'Nós consideramos estas verdades autoexplicativas: que todos os homens são iguais, que eles são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis e que, entre estes direitos, estão a vida, a liberdade e a busca pela felicidade'.

Hoje nós damos prosseguimento a uma jornada sem fim para aproximar o significado dessas palavras à realidade de nosso tempo. Pois a história nos diz que, embora essas verdades possam ser autoexplicativas, elas nunca se realizam por si mesmas; que embora a liberdade seja um dom de Deus, ela deve ser garantida por Seu povo aqui na Terra. Os patriotas de 1776 não lutaram para substituir a tirania de um rei pelos privilégios de poucos nem pelo governo de uma multidão. Eles nos deram uma República, um governo do povo, pelo povo e para o povo, e confiaram que cada geração manteria o credo de nossa fundação em segurança.

E, por mais de 200 anos, nós temos mantido esse credo em segurança.

Por meio do sangue derramado pelo chicote e do sangue derramado pela espada, nós aprendemos que nenhuma união fundada sobre os princípios da liberdade e da igualdade poderia sobreviver na semiescravidão e na semiliberdade. Nós nos renovamos mais uma vez e prometemos avançar juntos.

Juntos, estabelecemos que uma economia moderna exige ferrovias e rodovias para acelerar as viagens e o comércio, além de escolas e faculdades para educar nossos trabalhadores.

Juntos, descobrimos que um mercado livre só prospera quando há regras para garantir a concorrência e o jogo limpo.

Juntos, decidimos que uma grande nação deve tomar conta dos mais vulneráveis e proteger seu povo dos piores riscos e infortúnios da vida.
E, durante tudo isso, nós nunca abandonamos nosso ceticismo em relação à autoridade central nem sucumbimos à ficção de que todos os males da sociedade podem ser curados apenas por meio do governo. Nossa celebração da iniciativa e do espírito empreendedor e nossa insistência no trabalho duro e na responsabilidade individual são constantes em nosso caráter.

Mas sempre compreendemos que, quando os tempos mudam, nós também precisamos mudar; que a fidelidade aos princípios de nossos fundadores exige novas respostas para novos desafios; que a preservação de nossas liberdades individuais requer, em última análise, uma ação coletiva. Pois o povo norte-americano não é capaz de atender às demandas do mundo atual agindo sozinho – assim como os soldados norte-americanos não teriam sido capazes de enfrentar as forças do fascismo ou do comunismo armados apenas com mosquetes e organizados em milícias. Uma única pessoa não é capaz de treinar todos os professores de matemática ou de ciências de que vamos precisar para preparar nossas crianças para o futuro nem construir as estradas e redes e os laboratórios de pesquisa que irão trazer novos postos de trabalho e negócios para dentro de nossas fronteiras. Agora, mais do que nunca, temos que fazer essas coisas juntos, como uma só nação e como um só povo. Esta geração de norte-americanos foi testada por crises que endureceram nossa determinação e colocaram à prova nossa capacidade de resistência. Uma década de guerra está terminando agora. A recuperação econômica já começou. As possibilidades que se apresentam para os Estados Unidos são ilimitadas, pois nós temos todas as qualidades que este mundo sem fronteiras exige: juventude e dinamismo, diversidade e abertura, uma capacidade infinita para assumir riscos e o dom da reinvenção. Meus compatriotas norte-americanos: nós fomos feitos para este momento, e vamos aproveitá-lo – desde que nós o aproveitemos juntos.
Pois nós, o povo, compreendemos que nosso país não pode ser bem-sucedido quando um número cada vez menor de pessoas vai muito bem e um contingente crescente de cidadãos mal consegue sobreviver.

Nós acreditamos que a prosperidade dos Estados Unidos deve repousar sobre os ombros largos de uma classe média em ascensão. Nós sabemos que os Estados Unidos prosperam quando cada pessoa é capaz de encontrar independência e orgulho em seu trabalho, quando os salários pagos pelo trabalho honesto libertem as famílias da beira da miséria.

Nós nos mostramos fiéis às nossas crenças quando uma menininha nascida na pobreza mais desalentadora sabe que tem as mesmas chances de ser bem-sucedida na vida quanto qualquer outra pessoa, pois ela é norte-americana, ela é livre e ela é igual aos outros – e não apenas diante dos olhos de Deus, mas também diante dos nossos olhos.

Nós compreendemos que programas antiquados são inadequados para as necessidades do nosso tempo. Portanto, temos que aproveitar novas ideias e novas tecnologias para refazer nosso governo, reformular nosso código fiscal, reformar nossas escolas e capacitar nossos cidadãos com as habilidades de que eles necessitam para trabalhar duro e aprender mais e, assim, ir mais além.

Mas, embora os meios mudem, nosso propósito se mantém o mesmo. Uma nação que recompensa o esforço e a determinação de cada norte-americano – isso é o que este momento exige. Isso é o que dará um sentido real às nossas crenças.

Nós, o povo, ainda acreditamos que todo cidadão merece o mínimo necessário em termos de segurança e dignidade. Nós temos que fazer as escolhas difíceis para reduzir os custos relacionados à assistência médica e à dimensão de nosso déficit.

Mas nós rejeitamos a crença de que os Estados Unidos têm que optar entre cuidar da geração que construiu este país ou investir na geração que irá construir nosso futuro.

Pois nós nos lembramos das lições de nosso passado, quando muitos passavam seus últimos anos na pobreza e quando os pais de crianças com deficiência não tinham a quem recorrer. Nós não acreditamos que, neste país, a liberdade esteja reservada para os mais sortudos nem que a felicidade se destine a alguns poucos. Nós reconhecemos que, independentemente do quão responsáveis sejamos ao vivermos nossas vidas, qualquer um de nós, a qualquer momento, pode enfrentar a perda do emprego ou uma doença repentina ou pode ter a casa arruinada por uma terrível tempestade. Os compromissos que assumimos uns com os outros por meio do Medicare e da Previdência Social não enfraquecem a nossa iniciativa.

Eles nos fortalecem.

Eles não nos transformam em uma nação de pessoas que aproveitam as oportunidades. Eles nos libertam para assumir os riscos que fazem deste um grande país.
Nós, o povo, ainda acreditamos que, como norte-americanos, nossas obrigações não são apenas com nós mesmos, mas também com a toda a posteridade. Nós responderemos à ameaça das mudanças climáticas, pois sabemos que, se não o fizermos, estaremos traindo nossos filhos e as gerações futuras.

Alguns ainda podem negar o irrefutável veredicto da ciência, mas ninguém pode evitar o impacto devastador dos incêndios intensos e das secas incapacitantes, além da incidência de tempestades mais fortes. O caminho para a adoção de fontes de energia sustentáveis será longo e, por vezes, difícil. Mas os norte-americanos não podem resistir a essa transição. Nós devemos liderá-la.

Não podemos ceder a outros países as tecnologias que alimentarão a criação de novos empregos e de novos setores da economia. Devemos reivindicar para nós mesmos a promessa que essas tecnologias representam. É assim que vamos manter a nossa vitalidade econômica e nosso tesouro nacional, nossas florestas e cursos de água, nossas terras agrícolas e nossos picos cobertos de neve. É assim que vamos preservar nosso planeta, que foi entregue aos nossos cuidados por Deus. Isso é o que vai dar sentido às crenças declaradas por nossos fundadores.

Nós, o povo, ainda acreditamos que a segurança permanente e a paz duradoura não necessitam de uma guerra perpétua.

Os nossos bravos homens e mulheres de uniforme que foram forjados pelas chamas da batalha são incomparáveis em habilidade e coragem.

Nossos cidadãos, marcados pela memória daqueles que perdemos, sabem muito bem o preço que é pago pela liberdade. O conhecimento de seu sacrifício vai nos manter para sempre vigilantes contra aqueles que poderiam nos fazer mal. Mas também somos herdeiros daqueles que estabeleceram a paz, e não apenas a guerra. Daqueles que transformaram inimigos jurados nos amigos mais ternos. E nós também temos que carregar essas lições para os tempos atuais. Vamos defender o nosso povo e os nossos valores por meio da força das armas e do Estado de direito.

Vamos demonstrar a coragem de tentar resolver pacificamente nossas diferenças com outras nações. Não porque somos ingênuos em relação aos perigos que enfrentamos, mas porque os compromissos são capazes de erradicar as suspeitas de maneira mais duradoura do que a desconfiança e o medo.

Os Estados Unidos continuarão a ser a âncora de fortes alianças em todos os cantos do mundo. E vamos renovar as instituições que ampliam a nossa capacidade de gerenciar crises no exterior. Pois ninguém tem uma participação maior em um mundo pacífico do que o país mais poderoso do planeta. Vamos apoiar a democracia – da Ásia à África, das Américas ao Oriente Médio – porque os nossos interesses e nossa consciência nos obrigam a agir em nome daqueles que anseiam por liberdade. E temos que ser uma fonte de esperança para os pobres, os doentes, os marginalizados, as vítimas de preconceito.

Não por mera caridade, mas porque a paz em nosso tempo exige o avanço constante desses princípios que nossas crenças comuns descrevem; tolerância e oportunidade, dignidade humana e justiça. Nós, o povo, declaramos hoje que a mais evidente verdade, a de que todos nós somos iguais, é a estrela que ainda nos guia, assim como guiou nossos antepassados através de Seneca Falls e Selma e Stonewall; assim como guiou todos os homens e mulheres, celebrados e não celebrados, que deixaram pegadas por esse longo caminho para ouvir um pregador dizer que não podemos andar sozinhos, para ouvir um rei proclamar que a nossa liberdade individual está intrinsecamente ligada à liberdade de cada alma da Terra.

Agora, é tarefa de nossa geração continuar o que aqueles pioneiros começaram, pois nossa jornada não estará completa até que nossas esposas, nossas mães e filhas puderem ganhar a vida de acordo com a medida justa de seus esforços.

Nossa jornada não estará completa até que os nossos irmãos e irmãs gays forem tratados como qualquer outra pessoa perante a lei, pois se realmente fomos criados como iguais, certamente o amor que atribuímos uns aos outros deve ser igual também.

Nossa jornada não estará completa até que nenhum cidadão seja obrigado a esperar durante horas para exercer seu direito de voto.

Nossa jornada não estará completa até que encontremos uma maneira melhor de acolher os esforçados e esperançosos imigrantes que ainda veem os estados Unidos como uma terra de oportunidades, até que jovens e brilhantes estudantes e engenheiros sejam incorporados em nossa força de trabalho, em vez de expulsos de nosso país.

Nossa jornada não estará completa até que todas as nossas crianças, das ruas de Detroit até as montanhas dos Apalaches e as pacatas alamedas de Newtown, saibam que elas são cuidadas e amadas e que estarão sempre seguras contra qualquer perigo.

Obama: Essa é a tarefa de nossa geração – transformar esses esforços, esses direitos, esses valores de vida e liberdade e a busca verdadeira pela felicidade em algo real para todos os norte-americanos.

Quando dizemos que somos fiéis aos escritos originais de nossos fundadores não estamos necessariamente obrigados a concordar sobre todos os aspectos da vida. Isso não significa que todos nós definimos a liberdade exatamente da mesma maneira, ou que seguimos o mesmo e idêntico caminho para a felicidade.

O progresso não nos obriga a resolver para sempre debates que se prolongam há um século a respeito do papel do governo, mas ele exige que nós tomemos uma decisão em nosso tempo.

Por agora, as decisões estão em nossas mãos e nós não podemos nos dar ao luxo de permitir atrasos. Nós não podemos confundir o absolutismo com um princípio nem substituir a política pelo espetáculo ou tratar xingamentos como debates bem fundamentados.

Temos que agir. Temos que agir sabendo que o nosso trabalho será imperfeito. Temos que agir sabendo que as vitórias de hoje serão apenas parciais, e que, portanto, ficará a cargo daqueles que estarão aqui em quatro anos, em 40 anos e em 400 anos fazer avançar o espírito atemporal outrora conferido a nós em um salão vago da Filadélfia.
Meus compatriotas norte-americanos, o juramento que fiz diante de vocês hoje, da mesma forma que os juramentos proferidos pelos outros que prestam serviços neste Capitólio [prédio do Congresso dos EUA], foi um juramento a Deus e ao país, e não a um partido ou facção.

E devemos cumprir fielmente essa promessa durante o nosso tempo de serviço. Mas as palavras que pronunciei hoje não são tão diferentes das palavras que constam do juramento feito sempre que um soldado se alista para o serviço ou que uma imigrante realiza seu sonho.

Meu juramento não foi tão diferente da promessa que todos nós fazemos diante da bandeira que tremula acima de nossas cabeças e que enche nossos corações de orgulho. Essas foram as palavras de cidadãos, e elas representam a nossa maior esperança. Você e eu, como cidadãos, temos o poder de definir o rumo deste país. Você e eu, como cidadãos, temos a obrigação de moldar os debates de nosso tempo, não apenas com nossos votos, mas com as vozes que levantamos em defesa dos nossos valores mais antigos e das nossas ideias mais duradouras.

Que agora cada um de nós abrace com dever solene e incrível alegria o que é nosso direito de nascença permanente. Com esforço e propósito comuns, com paixão e dedicação, vamos atender ao chamado da história e carregar pelo futuro incerto aquela luz preciosa da liberdade.

Obrigado.

Deus abençoe a todos.

E que Ele sempre abençoe estes Estados Unidos da América."

FIM

Tradução: Cláudia Gonçalves
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Fonte:  http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/01/leia-o-discurso-de-obama-na-integra-em-ingles.html
 
 

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