sábado, 24 de agosto de 2013

"OS FILHOS TÊM QUE SABER DEIXAR OS PAIS CORREREM ALGUNS RISCOS"

ENVELHECIMENTO
 
 A sociedade é baseada no trabalho. Somos aquilo que fazemos. Se não fazemos mais, não somos mais importantes.
Simone Bracht Burmeister, psicóloga especializada em terceira idade, é autora do livro Família e Pessoa Idosa – Reflexão e orientação. Acostumada a lidar com conflitos familiares na velhice, ela resolveu escrever um livro para compartilhar quais as crises mais comuns nessa fase da vida, e aponta algumas soluções para lidar com o assunto.

Vida – O que muda nas relações familiares com a velhice?

Simone Bracht Burmeister – Ser idoso hoje é uma etapa da vida, é ter mais de 60 anos. Não é mais ser uma vovó de coque ou um vovô de pijama. Os conflitos surgem na família desde o processo de aposentadoria, separações, novos casamentos, filhos que saem e voltam para casa. Não estão restritos a doenças e à discussão de quem vai cuidar dos pais.

Vida – A aposentadoria é um marco para o início dos problemas. Por que tão difícil o planejamento?

Simone – A sociedade é baseada no trabalho. Somos aquilo que fazemos. Se não fazemos mais, não somos mais importantes. Além disso, a aposentadoria marca o início da velhice. E ninguém quer admitir que está velho e não é mais importante. É preciso entender que aposentadoria não é o fim da carreira. É uma etapa e uma oportunidade de escolher o que se quer fazer. Pode ser trabalhar com horário mais flexível, ter seu próprio negócio ou tempo livre para esportes, trabalho voluntário, família. A aposentadoria não envolve só planejamento financeiro, mas também planos pessoais e familiares, que em geral não são feitos, e muitas vezes são a causa de conflitos.

Vida – Como os filhos podem acertar no cuidado de seus pais?

Simone – Os filhos devem perceber em que nível de autonomia e independência estão seus pais. Deixá-los à vontade para exercitarem sua liberdade e desejos. Se os pais têm saúde física e mental, os filhos devem permitir que façam as coisas sozinhos, corram alguns riscos. Se ficam em casa para não se defrontarem com perigos, correm o risco de ficar deprimidos, e isso não será bom.
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Fonte: ZH on line, 24/08/2013
 

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