sábado, 21 de dezembro de 2013

A Grã-Bretanha pré-cristã

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Hutton induz seus leitores a questionarem a história 
como um todo (Reprodução/Library)
crenças do passado

Livro 'Pagan Britain' de Ronald Hutton expõe os primórdios do histórico religioso britânico

Ronald Hutton descreve seu novo livro como uma história das crenças religiosas desde `a “idade da pedra antiga até a chegada do cristianismo”. E o livro de fato é isso, mas também é mais provocativo. Com “Pagan Britain” ele concebeu uma sofisticada crítica sobre como historiadores e arqueólogos frequentemente interpretam ruínas e artefatos exumados de forma a adequá-las a ideias cambiantes a respeito da religião e da ideia de nação. O que surpreende é que um historiador esteja expondo a parca quantidade de evidências disponíveis sobre sistemas de crença do passado. 

Hutton, autoridade nos séculos XVI e XVII da Universidade de Bristol, escreveu extensamente sobre os Stuarts, os druidas e bruxaria. Apesar de sua pesquisa completa sobre os primórdios do histórico religioso britânico, esse livro é fascinante devido à sua cautela. Ele não presume nada, independente de estar analisando desenhos rupestres do paleolítico em rochas em Creswell Crags em Nottinghamshire ou de estar estudando os círculos de pedra de Stonehenge em Wiltshire e Callanish na região de Outer Hebrides. Os deuses expulsos graças à disseminação do cristianismo podem ter sido nativos ou talvez romanos. Ninguém pode afirmar com certeza. Os vestígios de ritos religiosos não são “facilmente distinguíveis daqueles de rituais políticos, sociais ou festivos”, afirma. Trata-se de uma “categoria de grande ambiguidade, pouco receptivo a mudanças, pouco propicio a definições”. 
 

Para contextualizar a fé primitiva ele escreve sobre o “homem de Lindow”, um corpo masculino preservado em uma turfeira em Cheshire em 1984. Análises revelam que esse homem tinha cerca de 25 anos de idade quando morreu de maneira brutal há 2.000 anos. Os arqueólogos que apresentaram essa descoberta no Museu Britânico de Londres (onde ainda pode ser visto) o utilizaram como possível evidência de um sacrifício humano realizado durante a Idade de Ferro. Mas essa conclusão, de acordo com Hutton, é “pouco precisa”. Um patologista achou que o homem fora estrangulado; outro discordou. E pouco distingue os vestígios de uma morte ritual dos restos de um assassinato. “O homem de Lindow, conclui Hutton, pode ser usado para exemplificar os triunfos e falhas, a potência e as limitações, da arqueologia moderna”. 

Hutton induz seus leitores a questionarem não apenas as análises do passado distante da Grã-retanha, mas também de como a história como um todo é apresentada. Ele também é um ótimo escritor, com um olhar afiado para a potência espiritual das antigas paisagens britânicas. Embora ofereça muitas interpretações sobre cada achado arqueológico, tal variedade pode servir para expandir a imaginação dos leitores ao invés de constrangê-las.
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http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/a-gra-bretanha-pre-crista/21/12/2013

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