segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

'Cauã e Isis tiveram entrega vertical', diz autor da série 'Amores Roubados'

O roteirista George Moura, autor da minissérie Amores Roubados, da TV Globo


Estevam Avellar/Globo - O roteirista George Moura, autor da minissérie Amores Roubados, da TV Globo


Sou de Pernambuco e tenho um fascínio pelo sertão. Até então, não conhecia aquele cenário desolador, um canal seco e semidestruído antes mesmo de ser totalmente construído. 

Autor de "Amores Roubados", uma das séries recentes de maior audiência na Globo, George Moura diz que a dedicação de Cauã Reymond e de Isis Valverde para compor seus personagens "é maior" que os rumores sobre suposto romance dos dois atores durante as gravações. O roteirista afirma também ser desnecessário "apelar" para fazer sucesso na TV aberta. Envolvido com a edição dos capítulos, Moura falou à coluna por e-mail. 


Folha - Como tem sido a repercussão do trabalho?
George Moura - É um momento feliz. É quando você consegue ouvir comentários, nas mais diferentes latitudes, sobre algo que escreveu, seja do porteiro do prédio, na padaria da esquina ou com amigos que moram em lugares distantes. Não acredito que, para escrever para a TV aberta, seja necessário apelar. Basta acreditar que ainda há espaço para a sutileza.





 
A suposta mistura entre ficção e realidade, envolvendo Cauã e Isis, prejudicou ou ajudou?
Acredito que o trabalho de construção de Cauã para Leandro Dantas e de Valverde para Antônia Favais são maiores e mais verticais do que esse suposto envolvimento. Os dois são talentos incríveis e que tiveram uma dedicação e entrega verticais em "Amores Roubados". Se as fofocas ajudaram ou prejudicaram a minissérie, é impossível de se aferir. 

Por que a personagem de Isis critica o "abandono" ao ver as obras de transposição do rio São Francisco?
A cena nasceu quando, no período de pesquisa, buscávamos a geografia física onde a minissérie se passaria. Em viagem de locação, ainda antes do roteiro, rodando de carro pelo sertão de Pernambuco, me deparei com uma gigantesca obra inacabada. Era um dos canais da transposição. O estado de abandono e sensação de desperdício de dinheiro bateram forte em mim. Fiquei olhando ao redor e vendo a terra estorricada. 

Você se surpreendeu?
Sou de Pernambuco e tenho um fascínio pelo sertão. Até então, não conhecia aquele cenário desolador, um canal seco e semidestruído antes mesmo de ser totalmente construído. Antônia (Isis), filha de um poderoso produtor de vinhos local, faz essa trajetória de voltar ao lugar de onde veio e se choca ao olhar aquilo. Há ali uma metáfora do desencontro dela com o desejo do pai; eles estão em lados opostos. 

É a favor do projeto?
É um assunto complexo. Não tenho domínio técnico para opinar. Mas, ao ver canais secos da transposição, não é possível deixar de sentir que, num país onde as necessidades são tão prementes, seja necessário esperar e gastar tanto por algo que me parece, há anos, incompleto. 

Acredita haver espaço para críticas políticas na TV aberta?
A ideia não é fazer crítica. A questão é humana e social. 

Quem se destaca no elenco?
A interpretação dos atores em "Amores Roubados" é uma sinfonia polifônica. Cada um com seu personagem, sua prosódia e sua cor. Todos tocam seus instrumentos afinados. Em alguns capítulos temos belos solos individuais. Todo o elenco está a serviço de contar uma história universal, das paixões. 
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Fonte: Folha online, 13/01/2014

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