sábado, 11 de janeiro de 2014

“O Facebook não se responsabiliza pela educação das pessoas”

ENTREVISTA

Referência mundial em estudos sobre redes sociais e comunidades virtuais, o professor da Universidade de Stanford (EUA) Howard Rheingold (foto) começou ainda nos anos 1980 as investigações sobre as revoluções sociais causadas pela internet. Seu novo livro, Netsmart, discorre sobre o uso inteligente e produtivo das mídias sociais. Em entrevista por telefone a ZH, o escritor fala sobre a dificuldade de muitos usuários de se desconectar do Facebook.

Zero Hora – Ainda não usamos as redes sociais de maneira inteligente e prazerosa?

Howard Rheingold – É algo novo e complexo. Eles estão constantemente mudando suas políticas de privacidade. É preciso entender as configurações bastante complexas de privacidade para ter algum controle sobre a suas informações. O que me preocupa é que o Facebook tem o objetivo de “ser” (põe ênfase na palavra) a web. Isso não é bom.

ZH – Mas as próprias pessoas não estariam se expondo demais?

Rheingold – Cada vez mais as pessoas acreditam que o mundo online é apenas o Facebook. Quando se publica um conteúdo, ele pode ser rastreado e encontrado por outros, e as pessoas não estão cientes disso. O Facebook não está se responsabilizando pela educação das pessoas.

ZH – Pesquisas apontam que os mais jovens estão se interessando por outras redes sociais. Eles não querem encontrar os pais na internet?

Rheingold – A presença dos pais no Facebook é determinante. Você age de uma maneira na frente dos seus amigos e de modo diferente com os seus pais. As pessoas possuem contextos sociais diferentes. Hoje, esse contexto colapsou: seus pais e seus amigos veem as mesmas coisas na internet. Mas há o fator novidade: se o Facebook é algo que os pais usam e está aí há algum tempo, as novidades parecem mais atraentes.

ZH – E por que não muitas pessoas não conseguem sair do Facebook?

Rheingold – É muito atraente ver o que seus amigos estão fazendo e assistir vídeos fofos de gatos. As pessoas ainda não sabem controlar a atenção. Ter esse controle não é impossível, pode ser aprendido, mas não é ensinado. Eu acredito que é algo que deveria ser ensinado nas escolas.
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paula.minozzo@zerohora.com.br
Reportagem por PAULA MINOZZO
Fonte: ZH online, 11/-1/2014

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