sexta-feira, 3 de outubro de 2014

AS BATALHAS QUE O NOVO PRESIDENTE DEVE GANHAR

 
Quais devem ser as prioridades do próximo presidente da República? Na campanha eleitoral, há uma inflação de promessas feitas em propagandas na TV e no rádio, em debates, comícios e entrevistas, mas você, caro eleitor, o que considera essencial para que candidato escolhido nestas eleições tenha um desempenho satisfatório no Palácio do Planalto? O Valor fez essa pergunta a 40 pessoas, entre executivos, artistas, empresários, profissionais liberais e acadêmicos.

A maioria - 32% dos consultados - pediu mais atenção à educação, do ensino básico à universidade, passando pela valorização dos professores, a qualquer candidato que seja eleito. "É necessária uma reforma geral do setor no país", diz o ator Jesuíta Barbosa, 23 anos, que atuou no filme "Praia do Futuro" e na telenovela "O Rebu". Uma pesquisa realizada pelo Datafolha no início do ano mostrou, de fato, que para 9% dos entrevistados a educação era um dos principais problemas a ser enfrentado no país, atrás de saúde (45%), segurança (18%) e corrupção (10%).

Para os entrevistados do Valor, em segundo lugar aparecem ideias para uma melhor gestão da máquina pública, com corte de gastos e equilíbrio das contas do governo (15%), seguidas por mudanças na política econômica para a retomada do crescimento (12,5%). "Precisamos também eliminar os gargalos de infraestrutura para o desenvolvimento econômico e social", diz Evaldo Alves, professor de economia internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que chama a atenção para um plano de investimentos em áreas como energia, portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.

Os depoimentos citam ainda a realização das reformas política e tributária, ações para conquistar a confiança da população no poder federal e a criação de diretrizes para um crescimento sustentável. "É importante cercar-se de gente honesta no poder para garantir o apoio dos cidadãos", afirma o publicitário Júlio Ribeiro, chairman da Talent.

Preocupações com um ambiente de negócios mais seguro para atrair investimentos e o aumento da competitividade das empresas também foram mencionados. Em comum, os entrevistados parecem ter pressa em ver planos de papel transformados em ação. "Assumiu, publicou a agenda dos próximos seis meses", diz Horácio Lafer Piva, conselheiro da Klabin.


Falem menos e façam mais


Silvia Costanti / Valor 
Paulo Herz
O próximo presidente da República deve colocar para funcionar o que já existe. Nada mais funciona na máquina pública. O desrespeito com o cidadão é tão grande que, qualquer que seja a melhoria, será percebida, facilmente, por qualquer um, de Norte a Sul. A vantagem de fazer isso é que nenhuma negociação com o Congresso seria necessária, assim como nenhuma lei ou medida provisória, pois tudo já está pronto. Trata-se de uma questão de gestão. Coisa que, infelizmente, parece ser um “palavrão”. Compromissos assumidos na campanha são ignorados no dia seguinte da eleição. É necessário que fale menos e faça mais, pois estamos desgovernados e pagando um alto preço por isso.
Pedro Herz, presidente do conselho de administração da Livraria Cultura

Daniela Dacorso / Agência O Globo 
Jesuíta Barbosa
Arte e filosofia devem fazer parte do ensino
A plataforma do novo presidente deve incluir uma intensa reforma na educação e mudança imediata na formatação do ensino escolar, com ênfase para arte e filosofia.
Jesuíta Barbosa, ator

Aline Massuca / Valor 
Roberta Sudbrack
Focar na educação e combater a inflação
O novo governo deve dar prioridade para a educação e o combate à inflação. O caminho passa pela valorização do professor, que deveria ser a verdadeira “celebridade”, pela modernização dos currículos e autonomia das escolas e universidades. Negligenciar a educação é um erro estratégico. Não há como pensar em um projeto de desenvolvimento nacional que não respeite as especificidades regionais. Já o combate à inflação pode ser obtido com a redução do gasto público. O Estado tem papel fundamental na indução do desenvolvimento, mas está enorme, tem muitos ministérios, muita burocracia e pouca eficiência. A inflação nos obriga a conviver com altas taxas de juros, atinge o estômago do trabalhador, corrói o salário.
Roberta Sudbrack, chef de cozinha

Educar para alcançar melhores índices de crescimento
O país somente será mais produtivo com um forte investimento na educação. Um estudo realizado pelo International Institute for Management Development e pela Fundação Dom Cabral sobre o Índice de Competitividade Mundial em 2014 destaca os Estados Unidos e a Suíça como as economias mais competitivas do mundo. São nações reconhecidas pela educação que oferecem. Segundo o relatório, ocupamos o 54 lugar em um ranking composto de 60 países. Trata-se de um importante desafio, mas o Brasil tem potencial e, com planejamento e uma boa aplicação dos recursos na educação, alcançaremos melhores índices de crescimento.
Cleber Morais, presidente da Bematech

Ana Paula Paiva / Valor 
Horácio Lafer Piva
Eficiência no setor público e menos paternalismo
O novo governo deve buscar eficiência no setor público e na ação política. Um Estado menor e mais focado, com contas em ordem, compromissos com a estabilidade, crescimento sem volatilidades. Reforma tributária para liberar o potencial empreendedor, mudança previdenciária para adequar-se ao futuro, talvez política para aproximar a sociedade do poder. Agências fortes e acordos internacionais generosos. E competitividade, produtividade, inovação. Menos paternalismo e mais meritocracia. Como? Há diagnósticos e centenas de propostas. Reformas que enfrentem interesses, escolha certa de apoios no Congresso e sentido de urgência. Assumiu, publicou a agenda dos próximos seis meses.
Horácio Lafer Piva, industrial e conselheiro da Klabin

É preciso que se estabeleça uma reforma política
O novo presidente deve propor uma reforma política. Todos os candidatos concordam nesse ponto, mas nunca conseguem executá-lo quando assumem o poder. Está claro que a maior motivação do voto, nessa eleição, é a insatisfação com o sistema de democracia representativa que, por necessidade de governabilidade, gerou tanta corrupção no centro do poder. Como resolver? Alguns apontam para os recursos da democracia direta, como os plebiscitos. Outra ideia é a constituinte específica. O importante é que, por meio da manifestação desse sufrágio, os políticos estariam atentos à necessidade de responder à população sem corporativismo.
Geórgia Costa Araújo, produtora de cinema

Claudio Belli / Valor 
Emanoel Araujo
Realizar ampla campanha contra desigualdade racial
Enviar um pacote de projetos estruturantes ao Congresso Nacional que inclua as reformas política e tributária, da segurança pública e da educação. Há ainda um outro ponto crucial: o recrudescimento do preconceito racial no país. As políticas públicas relativas às ações afirmativas ainda não estão totalmente estabelecidas na cultura nacional. O próximo presidente deve ter em mente que a inclusão socioeconômica é de suma importância para combater a violência contra crianças e adolescentes, sobretudo negros. Deve também realizar uma ampla campanha de reconhecimento das desigualdades impostas historicamente à população negra do Brasil.
Emanoel Araujo, diretor-curador do Museu Afro Brasil

Ana Paula Paiva / Valor 
Daniel Filho
“"Vergonha na cara, como diria minha avó"”
Reforma do Código Penal e severidade aos corruptos devem ser o foco do próximo presidente da República eleito. O crime de lesa-pátria precisa ter punição à altura. Abolir a Lei Fleury, cumprir sentenças, ter prisão perpétua. O Brasil não deve mais ser o país da impunidade. Todos os candidatos a cargos públicos deveriam mostrar suas posses na candidatura, na nomeação e ao deixar o posto. Assim, as verbas destinadas a saúde, educação e segurança chegarão a seus destinos. O país clama por honestidade. “Vergonha na cara”, diria minha avó.
Daniel Filho, produtor e diretor de cinema

Urgência nas áreas de saúde, cultura e formação
Melhorar a economia, reduzir a mão do Estado sobre as atividades empresariais e uma maior transparência ajudariam o novo presidente da República. Ações urgentes também são necessárias na educação, saúde e cultura.
Charles Cosac, editor e fundador da Cosac Naify

“"Prioridade é ter disposição para provocar mudanças”"
Segurança-saúde-educação virou chavão quando se fala em prioridades de governo. Esses três setores, que são ou deveriam ser regidos pelo Estado, recebem grande demanda por melhorias. No entanto, nenhum avanço acontecerá sem mudanças profundas na forma de administrar e legislar. A prioridade é ter disposição para provocar mudanças. De outra forma, continuaremos na mesma condição de tratar o problema de forma emergencial e paliativa, sem resultados positivos duradouros.
Celso Lopes de Mello, oncologista

Ana Paula Paiva / Valor 
Sônia Hess
"Só existe país forte com uma indústria forte"”
É preciso sair da “falação” e partir para a ação. Assumir e cumprir. Quem se candidata está a serviço do povo que o elegeu e não deve se esquecer disso. Hoje, qualquer país do Primeiro Mundo tem uma indústria com condições de crescer e avançar. Tudo deve funcionar como um círculo virtuoso: se a indústria produz, o comércio vende e os serviços prosperam. Só existe país forte com uma indústria forte.
Sônia Hess, presidente da Dudalina

Ações para uma população mais saudável e educada
Saúde e educação. Saúde para que a população tenha chance e disposição para encarar a vida e ter liberdade de ação. Educação para que as pessoas ganhem a possibilidade de desenvolvimento. Um cidadão sem acesso à educação vive em um universo limitado, perde a capacidade de tomar decisões, de evoluir e crescer.
Fernando Piva, arquiteto
Leo Pinheiro / Valor 
Fernando Luís Schüler
Choque de confiança na política econômica é vital
Dar um choque de confiança na política econômica deve ser a prioridade do próximo presidente da República. Retomar o rigor fiscal, abandonar a política de preços administrados, recolocar a inflação no centro da meta. O choque prossegue com a despolitização das agências reguladoras, da gestão das estatais e da formulação de uma regra republicana de autonomia do Banco Central. A partir daí, retomar o programa de mudança no Estado: reforma da Previdência, prestação de serviços públicos com foco na qualidade do atendimento, em especial na saúde. Além de avanço nas parcerias público-privadas e concessões públicas para fomentar investimentos em infraestrutura.
Fernando Luís Schüler, curador do projeto Fronteiras do Pensamento

É hora de iniciar as reformas trabalhista e tributária
Garantir um ambiente seguro de investimentos, aumentando a competitividade na indústria, e iniciar as reformas trabalhista e tributária. Reduzir encargos, custos de contratação e demissão, para tornar os salários mais compatíveis com a produtividade do empregado. Também estimular o crédito ao empreendedor, não ao consumidor, e as parcerias público-privadas para a solução de problemas de infraestrutura, transporte, segurança, saúde e desenvolvimento tecnológico. Manter o legado de distribuição de renda, garantir o Estado laico e a participação direta do povo por meio de plebiscitos e referendos, a começar pelo voto facultativo e a reeleição.
Letícia Provedel, sócia da Provedel Advogados

Davilym Dourado / Valor 
Rodrigo Oliveira
Urgência: boas escolas do ensino fundamental
Ensino fundamental. Oferecer escolas onde as crianças se alimentam bem, praticam atividades físicas e se sentem estimuladas a estudar. Isso é urgente, estamos muito atrasados.
Rodrigo Oliveira, chef do restaurante Mocotó

Compromisso nº 1 deve ser com a transparência
Gerar confiança e construir capital social devem ser as prioridades do próximo presidente da República. A sociedade brasileira vem convivendo com governantes que não têm um projeto de país. Possuem um projeto de poder, executado a qualquer custo, o que implica uma política de compadrio, de alianças espúrias e de corrupção para financiar esse “modus operandi”. Um governante sem senso de missão não consegue gerar aquilo que faz uma sociedade ter coesão interna e solidariedade, para multiplicar o capital social, que só cresce quando há confiança. O compromisso número um deverá ser com a transparência e a reforma política, indispensável para operar essa mudança.
Evelyn Berg Ioschpe, diretora-presidente da Fundação Iochpe

Régis Filho / Valor 
Samuel Seibel
Os professores têm de ser mais valorizados
O Brasil só atingirá um novo patamar quando o ensino realmente formar suas crianças. Os professores precisam readquirir o orgulho de lecionar e nós precisamos valorizá-los. Não falo apenas de “povoar” os bancos escolares. Nós precisamos de um ensino de qualidade que realmente desenvolva o interesse, a criatividade e o raciocínio dos nossos alunos. E que forme leitores, talvez a principal missão da escola. Ziraldo resume o tema numa frase: “Ler é mais importante que estudar”. E a educação é a melhor forma de tornar o Brasil uma verdadeira nação.
Samuel Seibel, dono da Livraria da Vila

Leonardo Rodrigues / Valor 
Daniela Bravin
Economia precisa sair da estagnação e crescer
Crescimento econômico deve ser o foco do presidente da República a ser eleito. A economia não só está parada como parece dar marcha a ré. O Brasil tem um dos governos mais caros e ineficientes do mundo e isso também precisa mudar. É necessária também uma mudança urgente no Código Penal brasileiro. A certeza da impunidade está criando um país de bandidos.
Daniela Bravin, sommelière e dona do restaurante Bravin

É necessário investimento em infraestrutura
Buscar meios para executar um plano de investimentos para infraestrutura — energia, portos, aeroportos, rodovias e ferrovias — cujas deficiências são uma ameaça ao funcionamento do setor produtivo, além de melhorias na saúde e educação. Já estamos no limite do apagão dessas áreas. O país necessita de ações que eliminem esses gargalos para o crescimento econômico e social.
Evaldo Alves, professor de economia internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Sérgio Zacchi / Valor 
Carlos Wizard Martins
Mais brasileiros em sistema educacional melhor
O próximo presidente da República do Brasil deverá incluir cada vez mais brasileiros no sistema educacional, da pré-escola à universidade, além de investir na melhoria da qualidade da educação. Não é uma tarefa fácil e certamente não será concluída em quatro ou oito anos de mandato, mas, se nunca almejarmos esse objetivo, jamais o alcançaremos.
Carlos Wizard Martins, empresário

Régis Filho / Valor 
Júlio Ribeiro
Presidente deve cercar-se de gente honesta
O próximo presidente do Brasil deve cercar-se de gente honesta para garantir o apoio de todas as camadas da população. Temos dificuldade em acreditar, mas existem pessoas de alta capacidade e de sentido moral nesse país. O que atrapalha o governo é a falta de confiança dos cidadãos nas autoridades. O orçamento, o superávit, a conclusão de obras e o desenvolvimento dependem do grau de confiança que as autoridades inspiram. O resto é supérfluo.
Júlio Ribeiro, chairman da Talent

Governante precisa propor pacto pelo desenvolvimento
Conseguir um alinhamento na esfera política para que diferentes partidos possam apoiar as reformas necessárias. Há mudanças institucionais urgentes, como a legislação trabalhista e o sistema tributário. É crítico atrair nos primeiros cem dias de governo investimentos públicos e privados para a infraestrutura e promover um pacto nacional pela qualidade da educação. O novo governante deve convidar a sociedade brasileira e, principalmente, os jovens para fazer um pacto pelo desenvolvimento do país.
Carlos Arruda, coordenador do núcleo de inovação da Fundação Dom Cabral

Divulgação 
Lino Villaventura
Buscar bons educadores para transformação radical
Educação. Deixar de sangrar dinheiro da corrupção e buscar grandes educadores para fazer uma transformação radical no país. Pagar bem os professores, começar do básico e pensar em um investimento a longo prazo, como aconteceu na Coreia do Sul.
Lino Villaventura, estilista

Pôr o Brasil em pé de igualdade com grandes economias
Implantar uma política de Estado capaz de colocar o Brasil, a longo prazo, em pé de igualdade para competir com as grandes economias mundiais. Dessa forma, é imprescindível formar líderes capazes de agregar os diversos interesses sociais em uma estratégia nacional de desenvolvimento. O livre pensar da população é fundamental e a institucionalização de uma educação pública universal de excelência deve ser o primeiro grande ato do novo governo.
Silton Oliveira, funcionário público federal“

Divulgação 
Paulo Caldas
"Que o país tenha cada vez menos desigualdade social"”
Educação pública deve ser o norte do próximo presidente do Brasil. Dessa forma, o filho da doméstica poderá estudar na mesma escola do filho do presidente eleito e poderá seguir assim até a universidade. Que o país tenha cada vez menos desigualdade social, por meio de políticas públicas que beneficiem a população mais carente. Que ricos e pobres possam ser igualmente bem atendidos em hospitais da rede pública. Que trabalhe em prol da manutenção do Estado laico, preste atenção às minorias e cuide de questões complexas, como a descriminalização das drogas, a criminalização da homofobia, o direito à união homoafetiva. Que trate da descriminalização do aborto como uma questão de saúde pública. Que invista, incentive e valorize a arte.
Paulo Caldas, cineasta

Não voltar atrás em decisões já anunciadas
Entender a ação e a reação das decisões. Quando sinalizam que o PIB vai subir muito e ele não cresce conforme anunciado, paramos de acreditar no mensageiro. Se as regras mudam no meio do caminho, mesmo por um bom motivo, empresas e pessoas que se planejaram para investir não vão mais acreditar se ouvirem que as novas regras não sofrerão mudanças. Com isso, deixam de investir e o país entra em estagnação.
Felipe Wasserman, empresário, CEO da PetiteBox

Gustavo Lourenção / Valor 
Antonio Carlos de Moraes Sartini
Tem de haver uma revolução na educação
Educação. Ter a coragem de promover uma verdadeira revolução no setor, resgatando o ser humano, os professores. Muito se fala nos orçamentos vinculados, mas, infelizmente, esse recurso é usado para a compra de computadores que ficam abandonados por falta de profissionais capacitados, aquisição de livros que permanecem empilhados, uniformes, lanchinhos e transporte — importantes, mas acessórios. Será difícil para qualquer político promover essa revolução, mas, se não a fizer, estaremos fadados a ser o país de um futuro que nunca chega.
Antonio Carlos de Moraes Sartini, diretor do Museu da Língua Portuguesa

Reformas urgentes para um alto nível de emprego
Duas reformas são urgentes para mantermos um alto nível de emprego no curto e médio prazo, acompanhado do aumento de produtividade no longo prazo. A primeira é a reforma da CLT, lei feita há mais de 70 anos que precisa ser atualizada para dar mais liberdade à relação entre empregador e empregado, gerando mais vagas. A segunda mudança importante é levar as práticas de gestão das empresas privadas, como meritocracia e acompanhamento de metas, para a gestão pública, proporcionando espaço para a queda de impostos e liberando mais dinheiro para o consumo e investimentos.”
Joseph Teperman, headhunter

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Maurício Cascão
O equilíbrio das contas públicas como prioridade
Resgatar o equilíbrio das contas públicas deve ser a prioridade. Depois, retomar de forma forte, organizada e com metas agressivas, o investimento em educação. Isso afeta diretamente o mercado, que sofre com a escassez de mão de obra qualificada. O país precisa de um Estado consciente, com credibilidade interna e externa, ciente de suas obrigações e que investe no futuro da nossa gente.
Maurício Cascão, CEO da Mandic

Régis Filho / Valor 
Ana Paula Arbache
“Sustentabilidade é o centro nevrálgico das decisões”
Dar prioridade a educação para o desenvolvimento sustentável como um vetor da formação e atuação de gestores, nos setores público e privado. A atual falta de água é um dos efeitos tangíveis de pontos de vista acomodados. Esperamos que as respostas caiam do céu e não investimos em ações comprometidas com um legado positivo para as próximas gerações. Em um mundo globalizado, torcer para que chova é, no mínimo, uma forma obtusa de lidar com os problemas reais do país. É blefar com o futuro. A sustentabilidade é o centro nevrálgico das tomadas de decisões globais e aponta para a importância de combinar esforços entre o poder público, empresas e sociedade civil.
Ana Paula Arbache, professora da Fundação Getúlio Vargas, Business School São Paulo e HSM

Reconstruir a credibilidade nos mercados é essencial
A reconstrução da credibilidade junto aos mercados deve ser o objetivo principal do próximo presidente. Para isso, será necessário retomar o controle rigoroso da inflação, mirando no centro da meta, e não no teto, e o controle fiscal. Esses dois “pés” do tripé macroeconômico são fundamentais para a volta da confiança dos investidores, o que abrirá caminho para a retomada do crescimento, da modernização da infraestrutura e do aumento da produtividade.
Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia

Régis Filho / Valor 
John Schulz
Primazia para o crescimento sustentável
Dar prioridade ao crescimento sustentável e assumir que cumprirá compromissos devem ser o foco do presidente a ser eleito. Qualquer investidor precisa ter essa tranquilidade. A segunda urgência é a reforma fiscal. Isso inclui a contínua desoneração da folha de pagamentos e a verdadeira simplificação para pequenas e médias empresas. Uma anistia fiscal traria recursos dos grandes para a economia formal, conduzindo mais companhias à formalidade.
John Schulz, sócio-fundador da BBS Business School

Estimular competitividade e empreendedorismo
Potencializar a competitividade do país. Fazer uma reforma tributária, reforçar a confiabilidade das bases macroeconômicas e, de uma maneira mais ampla, melhorar o ambiente de negócios para favorecer todo tipo de empreendedorismo, desde a micro até a grande empresa. A diversidade natural e cultural brasileira oferece uma grande oportunidade para fomentar a criatividade e a inovação, agregando valor aos produtos e serviços, com alternativas para um crescimento mais sustentável da economia.
Leo Mangiavacchi, designer e sócio-fundador do Fantastico Studio di Design

Daniel Wainstein / Valor 
Marco Ferraz
Novo governo deve investir mais no turismo e apoiá-lo
O próximo presidente deve fazer investimento no turismo. Um segmento que representa 3,5% do PIB mundial precisa ser mais explorado. O apoio do governo é imprescindível, pois o setor depende diretamente da sinalização com múltiplos idiomas, segurança e infraestrutura. Se o turista viaja com frequência e consome mais, ele gera riquezas, empregos e crescimento econômico.
Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa)

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André Pimentel
O rigor fiscal nas contas públicas precisa voltar
Volta do rigor fiscal nas contas públicas, com a revisão da interferência do Banco Central, e de ações para o desaparelhamento de toda a estrutura do governo, incluindo estatais e fundos de pensão. Trazer para a pauta do dia a reforma fiscal, com a simplificação das regras e do aparato de arrecadação federal, estadual e municipal. Atenção na educação e na política interna e externa.
André Pimentel, sócio da consultoria Performa Partners

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Artur Lopes
Prioridade maior: tornar o ambiente econômico saudável
Melhorar as condições de vida da população com mais escola, saúde, transporte de qualidade. Porém, isso só se materializa com recursos que, em âmbito público, advêm do recolhimento de tributos, atrelados à boa saúde da economia. A prioridade das prioridades é tornar saudável o ambiente econômico, que já apresenta uma rápida, contínua e seguida deterioração. A normalidade econômica e a retomada do crescimento devem ser alcançadas pela livre flutuação do câmbio, com o fim das intervenções do Banco Central no mercado, na redução do gasto público e num ajuste controlado dos preços.
Artur Lopes, consultor e autor do livro “Quem Matar na Hora da Crise?
Medidas devem vir com posição austera da equipe
Restabelecer a confiança no país. Consumidores, empresários e investidores estão procrastinando decisões por se sentir inseguros em relação a 2015. O presidente eleito precisa saber que qualquer medida deve estar acompanhada de uma posição austera da nova equipe, para uma política de contenção de gastos públicos. Outro ponto importante é a mobilidade nos grandes centros urbanos. Polos de desenvolvimento não podem ficar parados no trânsito.
Alexandre Lafer Frankel, sócio e presidente da Vitacon Incorporadora e Construtora

Luis Ushirobira / Valor 
Nelson Campelo
“"O Brasil precisa de um mutirão nacional de educação"”
Criar um plano estratégico plurianual de melhoria continua em todos os níveis da educação. Além de garantir a alocação de um percentual adequado do PIB, os investimentos nessa área devem ser feitos de acordo com o plano federal e associados a métricas predefinidas, com gestores estaduais e municipais. A valorização do professor também é essencial. O Brasil precisa de um mutirão nacional de educação, com a conscientização de que o setor é prioridade e responsabilidade de todos. Um país com um bom nível de escolaridade progride e diminui as principais mazelas que enfrentamos hoje, como saúde precária, falta de segurança e altos níveis de corrupção.
Nelson Campelo, presidente da Avaya Brasil

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Acácio Queiroz
É necessário restabelecer o equilíbrio da economia
Restabelecer o equilíbrio do tripé da economia, com regime de câmbio flutuante, sistema de metas da inflação e política fiscal, além de dar autonomia ao Banco Central. Os desafios estarão nas demandas das reformas política, fiscal, previdenciária e trabalhista, que deverão ser realizadas para um crescimento do PIB desejado. Isso inclui equalização dos tributos e melhoria significativa da infraestrutura nacional para o país incrementar sua competitividade. E maior atuação nas áreas da saúde e educação.
Acácio Queiroz, chairman da Chubb Seguros

Incentivo ao crescimento das empresas menores
Fomentar o desenvolvimento das micro e pequenas companhias, que respondem por 27% do PIB e por 52% dos empregos com carteira assinada, segundo o Sebrae. Embora avanços tenham acontecido nos últimos anos, ainda estamos longe de ter um ambiente favorável e de estímulo neste segmento, como acontece em economias mais desenvolvidas, como a alemã e a americana. Redução da burocracia para a abertura de novos negócios e da carga tributária, além da flexibilização das leis trabalhistas são essenciais para alavancar o crescimento das empresas.
Vinícius Roveda, CEO da startup ContaAzul
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Reportagem Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo
Fonte: Valor Econômico online, 03/10/2014

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