quarta-feira, 18 de março de 2015

O Multiverso: 1895 – 2012. Descanse em paz.

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O último deus dos ateístas, o multiverso, foi aposentado em janeiro de 2012 em um evento deveras inusitado: a celebração do 70o aniversário de Stephen Hawking, em Cambridge. Com a palavra estava o Doutor Alexander Vilenkin, que tinha escrito um artigo apresentado no encontro “Estado do Universo”, de cientistas que se reuniam para honrar Hawking.

Depois de demonstrar as falácias de várias teorias que tentavam validar o multiverso, Vilenkin resumiu a sua conclusão dizendo: “Toda a evidência que nós temos diz que o universo teve um começo.” Isso, naturalmente, deixou todos os naturalistas filosóficos e ateístas de luto, porque o próprio Hawking tinha admitido: “Muitas pessoas não gostam da ideia de que o tempo tenha um começo, provavelmente porque isso sugere a intervenção divina.”

Para os que não estão familiarizados com a ideia do multiverso, a teoria do universo múltiplo postulava a existência simultânea de muitos (possivelmente infinitamente muitos) universos paralelos, na qual quase qualquer coisa teoricamente possível seria realizada no fim das contas. O multiverso era usado por materialistas e ateístas como uma forma de evitar o argumento cosmológico e o argumento do ajuste fino para a existência de Deus.

Sobre o ajuste fino do universo, o físico Andrei Linde disse: “Nós temos um monte de coincidências muito, muito estranhas, e todas essas coincidências são de uma forma tal que elas tornam a vida possível.” Linde fez essa declaração em um artigo da Discover de 2008 e adicionou que a teoria do multiverso era uma possibilidade muito sedutora para explicar a questão do ajuste fino do universo, que permite a vida na terra.

Vilenkin, um dos parceiros e colegas de trabalho de Linde, acabou de fechar a porta dessa possibilidade.

Ainda antes da explicação de Vilenkin, a teoria do multiverso sofria um monte de pancadas debilitadoras, antes da sua morte em 2012. O multiverso sempre teve o problema filosófico da regressão infinita. Tal problema não está limitada ao nosso universo, ele vale para toda a realidade. Você ainda precisa voltar até uma causa primária – uma causa não-causada de todas as coisas – e isso inclui o multiverso.

Cientificamente falando, nenhuma evidência foi fornecida para essa teoria. De fato, nunca houve um modelo com alguma evidência mostrando alguma realidade que se estenda infinitamente no passado. Mas, surpreendentemente, muitos naturalistas filosóficos e ateístas aclamam o multiverso quase como um deus – descrevendo a sua beleza, o seu poder, etc., com absolutamente nenhuma prova de que tal coisa já tenha existido. Uma postura certamente estranha para eles que constantemente criticam os crentes em Deus pela “fé” em uma coisa que (supostamente) não tem provas da existência.

Antes desse último artigo, Vilenkin, Arvind Borde e Alan Guth mostraram que há evidências científicas sólidas contra o multiverso. Juntos, eles demonstraram que qualquer universo que esteja se expandindo ao longo da história não pode ser infinito no passado, mas deve ter uma fronteira espaço-temporal.

O que torna essa prova tão poderosa é que ela se sustenta não importa a descrição física do universo. O teorema de Borde-Guth-Vilenkin não depende da descrição física da origem do universo. Esse teorema implica que, ainda que o nosso universo seja uma minúscula parte de um multiverso composto de muitos universos, o multiverso deve ter um começo absoluto.

Em outras palavras, a preocupação de Hawking sobre a necessidade de um pontapé inicial para o nosso universo não foi riscada. Deve ser por isso que Hawking deixou uma mensagem de telefone gravada para o evento, que dizia: “Um ponto de criação seria um lugar onde a ciência quebraria. Você teria que apelar para a religião e para a mão de Deus.”

O último artigo de Vilenkin derruba as três opões possíveis do multiverso e ele está de acordo com as suas colocações anteriores, que incluíam a seguinte: “Diz-se que um argumento convence homens racionais e uma prova convence até mesmo os homens irracionais. Com essa prova apresentada, os cosmologistas não podem mais se esconder atrás da possibilidade de um universo eterno no passado. Não tem saída, eles têm que encarar o problema de um começo cósmico.”

Você pode ler mais sobre as descobertas de Vilenkin em um artigo de Lisa Grossman intitulado “Por que cientistas não podem evitar o evento da criação”, que é a matéria de 11 de janeiro de 2012 da revista New Scientist.

Com a partida do último deus dos ateístas, o multiverso, é difícil não pensar sobre o que a filosofia chama de “afogar o peixe”. Quando os materialistas ou ateístas propõem espontâneos ou auto-criados universos, multiversos, hipóteses da mecânica quântica e outras dessas coisas para tentar explicar a realidade sem Deus, eles usam toda a água do oceano para tentar afogar o animal (Deus), mas no fim das contas, o peixe continua lá afirmando a sua existência e a sua presença.

John Lennox resume essa cômica situação dessa forma: “É uma grande ironia que no século XVI (16) algumas pessoas resistiram aos avanços da ciência porque eles pareciam ameaçar crença em Deus, e agora no século XX (20) as ideias científicas do começo cósmico enfrentam resistência porque elas ameaçam aumentar a plausibilidade da crença em Deus.”

Por que o nosso universo está aqui e é tão precisamente ajustado para a vida? Por que ele é, como alguns cientistas admitem, como uma escultura polida? Santo Agostinho da a resposta: “Do nada tu fizeste o céu e a terra – uma coisa grande e uma pequena – porque tu és o Deus Todo Poderoso, para fazer todas as coisas boas, até mesmo o céu grande e a terra pequena. Foste tu, do nada tu fizeste o céu e a terra.”
  • The Multiverse: 1895 – 2012. R.I.P.

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