quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Daqui só se sai pela chaminé: Os campos de concentração nazis

Por vezes é necessário pôr de lado "KL", de Nikolaus Wachsmann, não porque a escrita seja pastosa – pelo contrário, está admiravelmente escrito – mas porque 
a náusea pode tornar-se insuportável.
A 1 de Janeiro de 2016, Mein Kampf entrará no domínio público e o estado da Baviera, actual detentor dos direitos de autor do livro, deixará de poder impedir a sua publicação na Alemanha, como tem acontecido até agora. Inevitavelmente, há reedições a serem preparadas, que estão, também inevitavelmente, envoltas em acesa polémica, entre os que defendem que o livro é uma “ferramenta académica” ou que não pode apagar-se a história e os que receiam as influências perniciosas que o livro possa exercer, para mais em altura de recrudescimento de sentimentos anti-semitas pela Europa fora.

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Auschwitz, Verão de 1944, chegada de judeus húngaros: as mulheres, crianças e velhos 
na foto foram considerados inaptos para o trabalho: o seu destino será a câmara de gás

Uma solução de compromisso poderia ser a obrigatoriedade de comercializar Mein Kampf num “pacote” com KL: A História dos Campos de Concentração Nazis, de Nikolaus Wachsmann, que a D. Quixote acaba de editar em Portugal. Se, 70 anos após a morte de Hitler, ainda restar veneno em Mein Kampf e ainda houver espíritos suficientemente simplórios ou retorcidos para serem enfeitiçados por tão indigente amálgama de atoardas, incitamentos ao ódio, auto-glorificação, delírios megalómanos e distorções malévolas, KL será o antídoto.

Por vezes, há livros que são descritos como “um murro no estômago”. KL não é um murro no estômago, é uma saraivada de murros, incessante, implacável, que se estende, sem esmorecimento, por 634 páginas (mais 220 de apêndices, notas, bibliografia e índice remissivo). KL (era esta a forma como eram designados, na linguagem quotidiana e nos documentos oficiais, os Konzentrationslager = campos de concentração) sintetiza uma colossal quantidade de informação sobre a rede concentracionária nazi e apresenta-a de forma neutra, objectiva e sobrenaturalmente clara, desfazendo algumas generalizações, simplificações e preconceitos que se foram enraizando com o passar dos anos.

Importa realçar que o assunto do livro não é o Holocausto: Wachsmann foca-se nos campos de concentração, deixando de fora os campos de extermínio e os campos de trabalho, exceptuando, claro, casos como o do complexo de Auschwitz-Birkenau, onde as três “valências” coexistiam.

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A fábrica de combustível sintético da IG Farben, no campo de Monowitz (Auschwitz III),
 criado para fornecer trabalhadores-escravos para a fábrica

KL já seria um trabalho admirável se fosse “apenas” um retrato minucioso da evolução da máquina concentracionária nazi entre 1933 (data da entrada em funcionamento de Dachau, poucas semanas depois da tomada do poder) e 1945. Mas Wachsmann nunca deixa que o livro se resuma a números e abstracções e a cada evento, prática ou tendência atribui um rosto, seja ele de vítima ou de carrasco.

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Sobreviventes do campo de Auschwitz, libertado pelos soviéticos em Janeiro de 1945

Assim, está cá o miúdo de 13 anos acabado de chegar ao campo de Ebensee que foi assassinado por um grupo de prisioneiros apenas para lhe ficarem com o pão;

Dyonis Lenard, um judeu preso em Majdanek, onde a água para os prisioneiros era tão escassa que ele se lavava com o “café” (ou um líquido quente a que era dado tal nome) distribuído aos presos pela manhã;

Gerhard Pohl, uma criança de três anos, cujo falecimento a 10 de Maio de 1942, em Auschwitz, foi atribuído, na certidão de óbito emitida pelos médicos da SS, a “velhice” (a burocracia não permitia que nenhum dos presos registados pudesse ser “abatido” sem uma justificação, sendo a causa de morte escolhida aleatoriamente de um catálogo de doenças);

Erko Hejblum, um membro do Sonderkommando (as unidades de judeus que eram poupados, temporariamente, para receber os seus iguais, conduzi-los às câmaras de gás e “processar” os cadáveres) de Birkenau, que após passar muitos dias, no Outono de 1942, a desenterrar cadáveres (mais de 100.000) com as mãos nuas, começou a enlouquecer;

um velho judeu que, no campo de Majdanek, “tropeçou e roçou ao de leve nas calças de um SS que ia a passar” e que, de imediato, o matou com um tiro;

o adolescente violado durante a noite por um Kapo que, para se assegurar de que não seria denunciado pela sua vítima, lhe roubou a boina – uma vez que a sua falta desencadearia severas punições pelos SS, o rapaz não viu outra solução senão roubar a boina de um companheiro de barracão, que seria executado na manhã seguinte por tão grave falha na indumentária regulamentar;

o jovem judeu, que face ao pânico que tomou conta do seu grupo à entrada da câmara de gás quando correu o rumor do destino que os esperava, subiu a um banco e tentou tranquilizar todos, garantindo que não iriam morrer, “porque um massacre indiscriminado de inocentes, de modo tão bárbaro, não podia acontecer em lado nenhum do mundo”;

a prisioneira que caíra nas boas graças das SS e que estava encarregada de passear o galgo do comandante do campo, o que fazia, segundo o testemunho de outra reclusa, como se estivesse “numa rua chique de Londres”;

Ján Weis, um judeu eslovaco cujo trabalho na enfermaria do campo passou por auxiliar o médico SS a assassinar doentes com uma injecção letal e descobriu que no grupo de condenados que entrou na enfermaria estava o seu próprio pai;

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Oficiais das SS e prisioneiros, campo de Gusen, Outubro de 1941

E também o cabo Adam Hradil, motorista de um dos camiões que transportava os velhos e doentes entre o cais de desembarque de Auschwitz e as câmaras de gás, que admitiu mais tarde que o trabalho “não tinha muita graça”, mas que apreciava a ração extra de aguardente que a tarefa lhe valia (o bónus pelas “operações especiais” incluía também “cinco cigarros, 100 gramas de pão e salsichas”);

Martin Knittler, responsável por um sector do campo de Sachsenhausen, que quando foi informado, no final de um dia de Novembro de 1941, da morte de nove trabalhadores-escravos, achou pouco para um dia de trabalho e obrigou os prisioneiros a ficar de pé em frente ao barracão durante horas pela noite dentro (de manhã 37 deles estavam mortos);

o comandante do campo de Kovno, na Lituânia, que, na Primavera de 1944, antes de assassinares milhares de rapazes e raparigas ali internados, organizou uma festa para crianças;

Amon Göth, comandante do campo de Plaszow, que permitia que os parcos mantimentos destinados aos seus presos fossem trocados pelos guardas no mercado negro e costumava desviar a carne para os seus cães;

Rudolf Höss, que apesar do stress decorrente das responsabilidades como comandante de Auschwitz admitia que ele e a família tinham aí vivido tempos felizes; a poucos metros do inferno, Frau Höss, tinha “um paraíso de flores”, cuidadas por um preso polaco, e um sumptuoso guarda-roupa, “cheio de vestidos e sapatos de mulheres assassinadas”;

a esposa de Amon Göth, que, décadas mais tarde, não lamentava os crimes cometidos mas sim “os tempos maravilhosos” passados no campo – “O meu Göth era o rei e eu era a rainha. Quem não teria querido trocar de lugar connosco?”;

os médicos SS que ficavam com cãibras nas mãos de tanto assinarem certidões de óbito, de forma que encomendaram carimbos com as suas assinaturas;

o Dr. Johann Paul Kremer, professor de anatomia na Universidade de Münster, destacado para Auschwitz no Verão de 1942, que embora não apreciasse o local, tirava partido dos passeios de bicicleta e das lautas refeições servidas na messe dos oficiais SS (que descreve minuciosamente nas suas cartas), pilhava despudoradamente os armazéns com objectos pessoais apreendidos aos judeus exterminados e regozijava-se por poder empreender os seus estudos de anatomia com “material praticamente vivo de fígado e baço humanos”;

o segundo-tenente Dr. Sigmund Rascher (“um charlatão” na opinião do clínico principal das SS), a quem Himmler não só deu carta branca para as mais disparatadas, cruéis e inúteis experiências médicas como até sugeriu experiências igualmente imbecis e vãs;

o Dr. Helmut Vetter, que eufórico por poder testar os sulfamidas da Bayer (a empresa para que trabalhava) em cobaias humanas fornecidas por Auschwitz, afirmava “sentir-se na paraíso”;

o tristemente célebre Dr. Josef Mengele, elogiado pelo médico-chefe de Auschwitz pela dedicação e pelo “contributo valioso com os seus trabalhos de ciência antropológica”, que na verdade mais não eram do que tortura sistemática de presos – e em particular de gémeos com idades entre dois e 16 anos – em pseudo-experiências grotescas;

Erich Muhlsfelst, chefe do crematório de Majdanek, cuja ideia de galanteio era acenar às guardas SS com bocados de corpos;

o Reichsführer SS Himmler proclamando, perante generais da Wehrmacht, em 1944, que os prisioneiros dos seus campos” viviam melhor do que muitos trabalhadores da Inglaterra e da América”.

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Os carrascos também precisam de relaxar: os guardas e pessoal administrativo 
de Auschwitz-Birkenau gozavam de licenças regulares no pequeno e discreto 
resort de Solahütte, perto de Auschwitz

Em contrapartida, são parcos os exemplos nestas páginas que contribuam para nos fazer crer na bondade inata da natureza humana.

Apesar de tudo, houve uma mulher alemã que numa rua de Osnabrück, em 1942, ao ver um SS espancar um preso que desmaiara, se interpôs entre ambos e deu um raspanete ao SS;

um grupo de reclusas checas em Ravensbrück que, quando as judias foram punidas com um corte de rações durante um mês, lhes entregaram clandestinamente parte da sua ração;

um preso do Sonderkommando que, em Auschwitz, arriscou a vida para obter provas fotográficas da matança em massa;

o padre franciscano Maksymilian Kolbe, que, em Auschwitz, se ofereceu para morrer no lugar de um preso condenado pelos SS a morrer de fome, como represália pela fuga de um prisioneiro (os guardas aceitaram a troca, mas como a morte de Kolbe pela fome tardava, deram-lhe uma injecção letal);

os Kapos de Buchenwald que tomaram sob a sua protecção centenas de crianças, entre as quais esteve Stefan Jerzy Zweig, um rapazito de quatro anos de idade, cujo nome surgiu na lista de preso a enviar para o extermínio em Auschwitz-Birkenau, mas que os Kapos trataram de apagar (mas aqui manifesta-se a crudelíssima lei de ferro dos campos: melhorar a situação de alguém significava quase inevitavelmente o mal de outrém e uma vez que a lista de prisioneiros a deportar não podia ter um nome a menos, os Kapos tiveram de escolher alguém para tomar o lugar de Stefan e quem foi para a câmara de gás foi Willy Blum, um rapaz cigano de 16 anos).

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Chegada de judeus da Ruténia a Auschwitz-Birkenau, Maio de 1944

Há uma gritante quase-ausência no longo e tenebroso cortejo de KL: a do autor de Mein Kampf, que, em última análise, foi o principal ideólogo e promotor dos campos de concentração. Não se trata de uma lacuna de Wachsmann: Hitler raramente interveio directamente no assunto. A sua forma de actuação era bem diversa, como explica Ian Kershaw na sua monumental biografia do ditador e em particular no capítulo “Trabalhar em prol de Hitler”.

Ao contrário do que possa pensar-se, a governação da Alemanha nazi estava longe de ser uma máquina perfeitamente afinada, pois Hitler assumira uma liderança pessoal e absolutista, fragmentando e distorcendo a máquina administrativa e dando azo a uma caótica disputa entre organismos cujas competências se sobrepunham e com diversos graus de dependência em relação à vontade do Führer.

Escreve Kershaw que “a forma de governação personalizada de Hitler incentivava o surgimento de iniciativas vindas de baixo, que mereceriam o seu apoio desde que se enquadrassem nas amplas balizas por ele definidas. Tal promoveu uma competição feroz a todos os níveis do regime, entre organismos rivais e entre indivíduos no interior desses organismos. […] No âmbito do “trabalho em prol do Führer, foram tomadas medidas, criadas pressões e preparada legislação – sempre de forma a que se conformassem com o que se supunha serem os objectivos de Hitler e sem que o ditador tivesse necessariamente de as impor”.

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Campo de Nordhausen após a libertação, Abril de 1945: muitos dos prisioneiros eram usados 
como escravos numa fábrica subterrânea de mísseis V-2 situada nas redondezas

Wachsmann, ao conjugar um meticuloso e abrangente trabalho de pesquisa com um vasto leque de testemunhos pessoais, logrou uma obra de admirável equilíbrio, que permite a visão “panóptica” sem que se esqueça, em momento algum, o sofrimento humano por trás das estatísticas, das directivas e dos relatórios. KL torna-se assim numa obra tão indispensável à compreensão deste momento negro da história da humanidade como Se Isto É um Homem, de Primo Levi. E tal como acontece com o livro de Levi, dificilmente algum leitor poderá emergir da leitura destas páginas incólume.

No que respeita à edição portuguesa é justo realçar o mérito da tradução de Miguel Mata, que tem vindo a distinguir-se no domínio da história do século XX com um trabalho de grande rigor e profundo conhecimento dos assuntos, complementando o texto com notas oportunas e eruditas.

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Rudolf Höss, um dos principais carrascos dos campos de concentração, ca. 1943

KL termina com o julgamento dos carrascos e é sem surpresa que se percebe que os arrependimentos ou os exames de consciência foram raros. Alguns nem sequer assumiram ter exercido cargos de responsabilidade: Otto Moll insistiu em que em trabalhara em Auschwitz como jardineiro (fora o director dos crematório) e negou que tivesse comandado um esquadrão da morte móvel – “Não disparei contra ninguém. Eu era um soldado alemão, não era um assassino”.

Martin Weiss, que foi comandante de Dachau (depois de ter coordenado massacres de judeus na Lituânia), considerou que “Dachau era um bom campo”. Josef Kramer, que foi comandante de Bergen-Belsen, garantiu nunca ter recebido queixa alguma dos presos. O Dr. Claus Schilling, sumidade em medicina tropical, para cuja demanda (não muito esclarecida) de uma vacina contra a malária foram requisitadas 1100 cobaias humanas, não só não mostrou arrependimento como solicitou ao tribunal que lhe permitisse prosseguir as suas investigações “para bem da ciência e da humanidade”.

O Dr. Wirths, médico-chefe de Auschwitz, admitiu que o gaseamento de judeus era “uma solução desagradável”, mas “aceitável” como resposta à doença e sobrelotação. Oswald Pohl, que liderou a WVHA, organismo responsável pela administração dos campos, alegou que serviu “como um soldado profissional”. Uma mulher que fora chefe de bunker no campo feminino de Ravensbrück alegou que fora apenas “uma pequena engrenagem inanimada de uma máquina”.

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Pedagogia de choque: soldados americanos confrontam habitantes de Weimar com os horrores 
encontrados no campo de Buchenwald, 1945

É verdade que nem todos foram decisores e comandantes de campo e alguns se limitaram a cumprir ordens, mas se muitas “pequenas engrenagens inanimadas” da máquina se recusarem a fazer coisas absolutamente contrárias à ética e à dignidade, talvez a máquina se engasgue e até emperre. E disso dá testemunho outro livro sobre campos de concentração nazis publicado há uns meses em Portugal pela Jacarandá: As Primeiras Vítimas de Hitler: Em Busca da Justiça, de Timothy Ryback, foca-se nos primeiros tempos do primeiro campo de prisioneiros, Dachau. Mostra como, na Alemanha de 1933, o terror e a brutalidade foram ganhando terreno de forma progressiva e insidiosa, à custa do Estado de direito, e acompanha a luta de Josef Hartinger, o destemido procurador-adjunto do Estado da Baviera, que, pondo em risco a carreira, se recusou a acreditar que as mortes dos primeiros presos de Dachau tinham resultado de “suicídios” ou de “tentativas de fuga” frustradas pelos guardas, como pretendiam os relatórios oficiais grosseiramente forjados, e chegou a conceber um audacioso plano para “prender por homicídio o comandante do campo, Hilmar Wäckerle, e expulsar as unidades SS do sistema de campos de concentração”.

Hitler tomara o poder semanas antes e ainda não se assenhorara de todo o aparelho de Estado, pelo que Hartinger ainda dispôs de alguma margem de manobra. Entre Abril e Junho de 1933, contando apenas com o apoio do médico-legista Moritz Flamm, fez frente à deriva totalitária que ganhava ímpeto, mas a investigação foi entravada por manobras burocráticas e pelos seus superiores e acabaria por ser arquivada por ordem de Hitler. Dachau e os restantes campos de concentração ficariam completamente sob o controlo da SS e tomariam a tenebrosa rota descrita em KL.

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Heinrich Himmler em visita de inspecção ao campo de Dachau, 1936

Em 1984, após um silêncio de décadas, Hartinger, à beira de cumprir 90 anos, evocaria assim o seu combate contra a subida da maré totalitária em 1933: “O facto de não termos poder não significa que não tenhamos coragem e, em última análise, que não tenhamos carácter. Não devemos procurar maneira de fazer a diferença, mesmo em circunstâncias tão desesperadas?”
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Por  José Carlos Fernandes
Fonte:  http://observador.pt/especiais/daqui-so-se-sai-pela-chamine-os-campos-de-concentracao-nazis/ acesso 23/09/2015

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