sábado, 22 de abril de 2017

Baleia azul e a crise existencial

Walmyr Junior *
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"Vemos muitos adolescentes evitando a busca 
presencial de relacionamentos e se prendendo 
a coletividades cibernéticas, 
com amigos virtuais."
 
A maturidade moderna entra em questão novamente ao analisarmos um fenômeno que vem tirando a vida de muitos jovens e adolescentes na Europa, fenômeno este que tem se espalhado pelo Brasil. A ‘cultura de morte’ que estamos falando vem dos altos índices da prática do suicídio. O assunto foi mais uma vez levantado na internet quando o ‘desafio’ da Baleia Azul entrou em destaque e virou caso de polícia. 

O Jogo é virtual e de origem Russa. Mundialmente conhecido, o Baleia Azul, convoca os participantes a entrarem em grupos secretos nas redes sociais e tem como propostas 50 metas que leva os participantes a desafiarem sua própria existência. A dinâmica do jogo é simples, porém os riscos que ele provoca permite a reflexão sobre as atuais crises existências que a contemporaneidade vem sofrendo. 

Quem sou eu? O que eu estou fazendo aqui? Qual é o sentido da vida? São perguntas cotidianamente feitas por nós. Porque o ser humano é o único ser vivo que adiciona sistemas de relações em sua natureza, consolidando uma possível cultura, que o leva a responder essas perguntas acima. Quando não respondido, o ser humano, de forma geral, adolescentes e jovens no caso específico desta coluna, passa a ter a sensação de estar sozinho e isolado no mundo, além disso, passa a questionar a existência da sua própria vida.

A crise que abordamos é empírica, está no cotidiano das relações. Vemos muitos adolescentes evitando a busca presencial de relacionamentos e se prendendo a coletividades cibernéticas, com amigos virtuais. Enquanto no habitat familiar reagem de forma introspectiva e "calma", porém sabemos bem que dentro de suas cabeças reinam o caos total. Um turbilhão constante de pensamentos, normalmente pessimistas, que fazem os jovens ficarem extremamente ansiosos e esgotados.

Uma das grandes causas desse problema é o sentimento de não aceitação, isolamento e medo. Não saber seu lugar no mundo, não reconhecer e/ou não aceitar seu corpo, sua estética é uma dessas depressivas características. 

A vida de um adolescente em crise existencial é muito injusta. A ausência de afeto familiar e a não compreensão dessas especificidades só pioram o problema. Muitos veem nessas atrações cibernéticas um refúgio dessa crise. O desafio da Baleia Azul cai como ‘uma luva’ para quem busca o não existir. Se mutilar, ou até mutilar o outro substitui relações saudáveis. 

Além desse mal presente, com tantas crises e inseguranças, os ‘desafios’ são impulsionados por uma terceira pessoa que torna-se o fator mais tênue dessas relações constituídas. Ao invés da família e dos amigos, geralmente os adolescentes e jovens em crise, vão buscar nos falsos perfis das redes sociais, um meio de se sentir importante ou até desafiado. 

Fica para nós uma reflexão do que fazer mediante a tais circunstâncias. O amar, acolher, compreender, escutar, respeitar e aprender, são saídas que podemos encontrar para dar respostas as crises da contemporaneidade.  
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*Walmyr Junior é morador de Marcílihttps://www.blogger.com/blogger.g?blogID=1573693655200632246#editor/target=post;postID=2983643667982801885o Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ
Fonte:  http://www.jb.com.br/juventude-de-fe/noticias/2017/04/20/baleia-azul-e-a-crise-existencial/
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